Sunday, May 10, 2009

Notícias de Cabo Verde - 3

Eis que é chegada a altura de falar ( ou melhor de escrever ) sobre comezainas e beberragens. Ontem de manhã ao pé de um restaurante, tinha sido abordado por uma inglesa ( talvez dona ? ) que me tentou engodar com a perspectiva de que segundo ela, naquele restaurante à noite, ia haver um espectáculo ao vivo para os comensais e que todas as bebidas seriam a 1 Euro entre as 19:30 e as 22:00. Claro que eu fiquei a matutar na coisa. Mais adiante noutro bar diziam eles que bebendo uma caipirinha durante a happy hour davam outra de graça. Foi aí que eu pensei: Ora aí está uma bela maneira de eu dar cabo do fígado por pouco dinheiro. E se bem pensei melhor o fiz. Cerca das 19:00 lá estava este vosso amigo firme e hirto, disposto a deitar abaixo as duas caipirinhas, tarefa de que me desenvencilhei a contento de todas as partes. Este ataque de sovinice e esperteza saloia não é de todo desarrazoado, desengane-se quem pense que vem para aqui comer galinha gorda por dez tostões, tudo em Cabo Verde ( como aliás em toda a África ) é muito caro. As tais caipirinhas de facto não eram caras, por 3 euros beber duas enormes caipirinhas foi de facto um achado.Depois das caipirinhas lá segui viagem para o tal restaurante da inglesa. Era um local bastante amplo mas que não era desconfortável. Eu tive o cuidado de virar as costas para o plasma e privar-me assim dos prazeres infinitos que o encontro futebolístico entre o F.C do Porto e o Estrela da Amadora me teria proporcionado, como para além disso felizmente eles tinham tirado som, a coisa por esse lado esteve perfeita. Entendamo-nos, eu não tenho nada contra o F.C. Porto nem contra o Estrêla, a minha antipatia é mais ampla, dirige-se contra todo o futebol em geral, seja ele jogado em Portugal, na Patagónia Setentrional ou na lua. Voltando àquela parte que leva a que as pessoas vão a restaurantes ou seja para comer e beber e tendo-me eu decidido a só comer coisas típicamente cabo-verdeanas ou luso-carbo-verdeanas abalancei-me a comer uma cachupa. Não tenho termos de comparação, penso que nunca tinha comido nenhuma, por isso não posso dizer que estava melhor ou pior que outras que já tivesse comido, posso no entanto dizer que estava boa, era assim uma espécie de sopa bem adubada com alguns pedaços de carne de boa qualidade. Quantas às bebidas lá fiz o sacríficio de deitar abaixo uma cerveja grande e duas pequenas e mais um whiskyzito para rebater. Não foi certamente por isso que eu hoje de manhã acordei com a boca a saber a papéis de música.
Em Cabo Verde tudo, mas literalmente tudo é importado, ir a um mini-mercado ( estavam à espera de encontrar nesta terreola de meia dúzia de habitantes, o Continente do Colombo? ) aqui em Sta. Maria é ir encontrar exactamente os mêsmos produtos que se iria encontrar num mini-mercado de dimensões idênticas em Alguidares de Baixo ou Freixo de Pistola à Banda, só com uma diferença, os preços são no minimo a dobrar, nalguns casos chegam a triplicar, uma garrafinha de Casal Garcia que é vendida em qualquer supermercado lusitano por 2,50 Euros ou coisa que o valha custa aqui 7 ou 8 Euros.
Ah! Já me ia esquecendo de dizer que a população do restaurante era maioritáriamente constituída por nórdicos e inglêses da classe trabalhadora, todos com ar de holligans em potência, comboiando aquelas inglêsas sinistras de ar enjoado, cabeleireiras ou rapariguinhas de shopping, mais a respectiva prole de futuros súbditos de Sua Majestade britânica. Irrita-me ver aquele cortejo de tótós primitivos terem mais dinheiro para gastar e terem melhor nível de vida que a classe média portuguesa. Mas enfim portaram-se bem. Quanto às variedades constavam de duas mocinhas inglêsas que lá se iam safando mais ou menos bem da tarefa de irem cantando alguns evergreens dos últimos 30 ou 40 anos, de 3 em 3 músicas havia um rapazinho com ar muito meloso, assim uma espécie de Michael Boublé para pobrezinhos, que lá ia debitando umas coisitas românticas.
Hoje de manhã tinha pensado em alugar uma bicicleta e ir descobrir a ilha a pedalar, não só porque gosto mas também para não deixar aumentar a curva estomacal, infelizmente o moço que aluga as bicicletas resolveu fazer greve, talvez por ser domingo de Páscoa, mas calma, há mais marés que marinheiros, outro dia virá, das minhas demandas em busca da bicicleta perdida serão certamente informados.
Para compensar a frustração dei por aí mais umas voltas a pé e como já vinha prevenido de casa quem pagou as favas foi o Miguel Esteves Cardoso ( A
causa das coisas ) que já está quase todo relido, mas não há crise, quando este se acabar já o Eça de Queirós ( A cidade e as serras ) está na calha, sim que este vosso amigo é muito lido e culto ( ele até sabe o que é o esternocleidomastoideu! ).
Já andei na praia mas ainda não puz os penantes na água, começa a ser criminoso.
E depois de todo este acêrvo de informações sem as quais vocês teriam imensa dificuldade em suportar esta noite e o dia seguinte, vou-me, esperando que tenham tido uma Páscoa jeitosita.

Abraços

Henrique

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