Tuesday, October 10, 2006

Telegramas indianos - 17


Lake Palace Hotel



Domingo, 28 de março de 2004

Olá meus caros amigos,

encontrei Jesus em Udaipur e tomei um milk shake de banana com ele.

Meus amigos, estou com muito receio por vocês. E digo receio porque acho que este vai ser um daqueles mails temívelmente longos, espero no entanto não ser muito chato.
Tenho aqui que deixar para a posteridade que Udaipur é um lugar mágico,espectacular, dos sítios mais encantadores que eu já vi e visitei ao longo da minha vida.
A impressão que eu tinha tido ontem em poucas horas confirmou-se hoje em pleno, Udaipur é romântica, lindíssima, um autêntico santuário de paz, sem poluição e quase sem trânsito.
Mas comecemos por contar como foi o meu dia: de manhã no hotel tomei o pequeno almoço com uma jovem italiana de Milão, como penso eu que foi para além da Sujata a primeira pessoa do sexo feminino com quem pude falar mais do que um inglês rudimentar e ser compreendido, isso deu-me alguma satisfação. Ela aprendeu um pouco de hindi e sabe escrever nestes hieroglifos perfeitamente indecifráveis e tem como objectivo increver-se na universidade em Varanasi ou em Madras para estudar sânscrito durante pelo menos 3 anos, foi uma companhia agradável para o meu pequeno almoço que costuma normalmente só ser acompanhado dos empregados.
Depois disso fui à minha vida, dar as minhas voltinhas pela cidade. Como há pouco trânsito há muitas crianças na rua que não param de me dizer: allo!, são encantadoras, brinca-se um pouco com elas e derretem-se e as mães acham muito engraçado verem um estrangeiro a brincar com elas, as criancinhas indianas com aqueles enormes botões castanhos escuros ou pretos a fazer de olhos ficam-me na memória assim como as do Sri Lanka já tinham ficado.
Na memória vai-me ficar eternamente esta cidade também. Depois de ter passado 2 dias naquele "monstro" de poluição sonora, atmosférica e visual chamado Jaipur é simplesmente uma maravilha estar aqui.
À uma da tarde fui dar um passeio de barco que durou 1 hora, passámos muito perto do do Lake Palace Hotel ( aquele das fotos ) e da outra ilhazita que servia de estância de lazer ao marajá ( aliás até lá fizemos uma paragem de uns 20 minutos ) no barco conheci um casal jovem, ela inglêsa e ele holandês que estao em Poona uma cidade mais para sul da India e que está em pleno florescimento no ramo dos computadores, é nesse ramo que eles trabalham enquadrados no seu estudo. É como sempre muito agradavel encontrar pessoal do ocidente, com quem se pode falar á vontade, que tem uma mentalidade semelhante, com quem se pode trocar impressões etc.
Depois dei mais umas voltas, filmei e fotografei até os dedos ficarem em ferida e voltei para o hotel para descansar um pouco, fugir um bocado ao calor, e tomar um duche.
E depois, bom depois resolvi acabar o dia com chave de ouro, um dia tão lindo tinha mesmo de acabar bem. Primeiro fui ao terraço do pôr-do-sol (Sunset Sea View Terrace ) um sítio espectacular com uma vista sobre o lago e o Lake Palace Hotel de assombrar. Aí nao me poupei a despesas e vi o pôr-do-sol enquanto bebericava um gin-tónico que me custou a exorbitância de 125 rupias ou 2,5 euros ou 8 reais ou 70.000 meticais, isto acompanhado de música ao vivo e tal, tudo a rigor.
Acabado que foi o pôr-do-sol pus-me andar para um sítio que eu tinha visto recomendado no meu livro e de facto mais maravilhoso acho que não podia ser, era num telhado dum hotel, julgo já ter dito que eles aproveitam muito os terraços para fazerem restaurantes. Empregados vestidos a rigor com trajes indianos, velinhas, uma vista a 360 graus sobre Udaipur, música ambiente indiana tocada ao vivo por dois tipos, um tocava tablas e o outro sítara.
O jantar constou ( tenho foto comprovativa ) de um crepe recheado a cogumelos divinal, acompanhado de uma loiraça de 650 ml e de sobremesa umas bolinhas brancas não me perguntem de quê mas que eram muitíssimo boas. O jantar custou-me a loucura de 350 rupias com gorgeta já incluída, ou sejam 7 euros ou 25 reais ou 200.000 meticais.
Nesta altura do campeonato, os poucos "sobreviventes" a esta leitura estarão a gemer e a suar por todos os poros e a implorar a todos os anjinhos que eu chegue ao fim. É isso que vai acontecer agora. Amanhã vou arrancar para Jodphur e entrar na ultima semana, aguentem mais um pouco,a vossa tortura está quase a acabar.
Ah, já quase me esquecia, o Jesus que eu encontrei não era esse em que pensaram e que já morreu há 1971 anos, não, era um espanhol de Valência que eu conheci no café onde fui petiscar um bolo e um sumo depois do passeio de barco.
Ufa, finalmente o tipo foi desta que terminou.

Abraços para vocês do

Henrique

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