Histórias do reino do Siao - 7
Olá meus amigos,
tinha preparado um texto sofrível que até escrevi no avião, mas mandei tudo pela borda fora.
Quando eu disser aonde estou, as reacções vão ser o mais díspares possível deste e do outro lado do oceano Atlântico, os portugueses vão dizer que foi uma ideia engraçada e que também gostavam de vir ( pelo menos a maior parte penso eu! ) e os brasileiros vão perguntar: o gajo está aonde?
Bom, eu estou em Macau. Falando muito francamente estava à espera de dizer isto com um grande hurraaaaa de satisfação mas não posso. Cheguei aqui há umas 7 horas e até agora não vi nada que mínimamente me agradasse. Explicando rápidamente aos brasileiros, Macau fica na China muito perto de Hong Kong, se procurarem no mapa, procurem Hong Kong e lá perto fica Macau. A razão da minha vinda aqui foi puramente sentimental. Macau não foi uma colónia mas um território sobre admnistração portuguesa até 1999. Estava eu na minha inocência, e a avaliar pelos comentários e reportagens que tinha lido, convencido que ia encontrar alguns traços da presença portuguesa e de facto quando se chega pensamos nós que encontramos, mas é uma ilusão.
Tudo está escrito em 3 linguas, português, inglês e um dialecto chinês ( cantonês ) ou no minimo como é o caso de todas as ruas em português e cantonês.
Mas é só fachada, nas pastelarias vendem-se umas patetices chinesas, nem uma única pessoa fala nem que seja uns rudimentos de português, nem um bom dia ou boa tarde, nada. Fui jantar a um restaurante que tinha uma ementa em inglês e onde alguns pratos eles diziam que eram em "portuguese style".
Temendo o pior acabei por pedir "Dry cod fish with scrambled eggs" ou seja uma coisa que em português se chama "bacalhau à Brás", os meus receios começaram a tornar-se cada vez mais fundamentados quando a empregada me perguntou para meu horror
se eu queria arroz a acompanhar, ia-me dando um xelique e disse-lhe vigorosamente que não. Ao meu lado um pai acompanhado do filho comiam o mesmo, o pai com a sua indispensável tijela de arroz a acompanhar o bacalhau, o filho comia esparguete, a certa altura o pai põe duas colheres do bacalhau em cima do esparguete, eu só vos digo, sofri imenso.
Finalmente veio o meu bacalhau, aqui para nós embora ele não tenha culpa e eu seja contra a violência, acho que o cozinheiro devia ser enforcado primeiro, depois empalado e depois esquartejado em quatro e os pedaços servidos de pequeno almoço aos crocodilos.
Para acompanhar a refeição, fui ao cardápio ver se eles ao menos tinham uma Sagres, nem pensar, tinham cerveja chinêsa, dinamarquêsa, holandêsa e até para cúmulo dos cúmulos espanhola. Tinham algumas marcas de vinho português, umas 3 ou 4, não pensem que era uma garrafeira bem sortida, mas claro que não ia beber uma garrafa de vinho sózinho, não porque não fôsse capaz, mas por ser caro e a refeição não valer a pena. Valha-nos ao menos a consolação de não ter sido muito cara, 4 euros por aquela hipótese de "bacalhau à Brás" , mas não merecia nem mais um cêntimo.
Depois de jantar e enquanto andava à procura de um café internet, perguntei a vários jovens naquela idade em que todos os jovens sabem onde fica um e só o quinto ou sexto é que conseguiu falar comigo e até sabia onde era um. Se calhar você pensam que eu estava nalgum subúrbio, não, garanto-vos que estava no centro da cidade, no Largo do Senado.
As relações problemáticas que eu tenho com o passado colonial português desde a minha juventude,e que até agora não diminuíram de intensidade, vieram agravar-se ainda mais com esta vinda a Macau.
Vou tentar (embora saiba de antemão que vai ser uma tentativa frustrada ) abstrair-me de que é Macau e pensar que estou de visita a uma cidade chinêsa qualquer.
Enfim talvez a minha têlha melhore até amanhã.
Já me esquecia de dizer, o meu quarto que custa mais caro, pouco mas é, que o de Banguecoque, tem um mobiliário do tempo em que o Luis de Camões andava por cá e uma casa de banho no andar de baixo, coisa que eu detesto e até agora nem na India nem no Sri Lanca me tinha resolvido a ficar, mas o dinheirito não nasce das árvores.
Podem não acreditar e digo isto com mágoa e tristeza, vou tentar aproveitar estes 3 dias o melhor possível, mas se me apanho outra vez na Tailândia até julgo que é mentira.
Amanhã digo mais qualquer coisa.
Henrique.
tinha preparado um texto sofrível que até escrevi no avião, mas mandei tudo pela borda fora.
Quando eu disser aonde estou, as reacções vão ser o mais díspares possível deste e do outro lado do oceano Atlântico, os portugueses vão dizer que foi uma ideia engraçada e que também gostavam de vir ( pelo menos a maior parte penso eu! ) e os brasileiros vão perguntar: o gajo está aonde?
Bom, eu estou em Macau. Falando muito francamente estava à espera de dizer isto com um grande hurraaaaa de satisfação mas não posso. Cheguei aqui há umas 7 horas e até agora não vi nada que mínimamente me agradasse. Explicando rápidamente aos brasileiros, Macau fica na China muito perto de Hong Kong, se procurarem no mapa, procurem Hong Kong e lá perto fica Macau. A razão da minha vinda aqui foi puramente sentimental. Macau não foi uma colónia mas um território sobre admnistração portuguesa até 1999. Estava eu na minha inocência, e a avaliar pelos comentários e reportagens que tinha lido, convencido que ia encontrar alguns traços da presença portuguesa e de facto quando se chega pensamos nós que encontramos, mas é uma ilusão.
Tudo está escrito em 3 linguas, português, inglês e um dialecto chinês ( cantonês ) ou no minimo como é o caso de todas as ruas em português e cantonês.
Mas é só fachada, nas pastelarias vendem-se umas patetices chinesas, nem uma única pessoa fala nem que seja uns rudimentos de português, nem um bom dia ou boa tarde, nada. Fui jantar a um restaurante que tinha uma ementa em inglês e onde alguns pratos eles diziam que eram em "portuguese style".
Temendo o pior acabei por pedir "Dry cod fish with scrambled eggs" ou seja uma coisa que em português se chama "bacalhau à Brás", os meus receios começaram a tornar-se cada vez mais fundamentados quando a empregada me perguntou para meu horror
se eu queria arroz a acompanhar, ia-me dando um xelique e disse-lhe vigorosamente que não. Ao meu lado um pai acompanhado do filho comiam o mesmo, o pai com a sua indispensável tijela de arroz a acompanhar o bacalhau, o filho comia esparguete, a certa altura o pai põe duas colheres do bacalhau em cima do esparguete, eu só vos digo, sofri imenso.
Finalmente veio o meu bacalhau, aqui para nós embora ele não tenha culpa e eu seja contra a violência, acho que o cozinheiro devia ser enforcado primeiro, depois empalado e depois esquartejado em quatro e os pedaços servidos de pequeno almoço aos crocodilos.
Para acompanhar a refeição, fui ao cardápio ver se eles ao menos tinham uma Sagres, nem pensar, tinham cerveja chinêsa, dinamarquêsa, holandêsa e até para cúmulo dos cúmulos espanhola. Tinham algumas marcas de vinho português, umas 3 ou 4, não pensem que era uma garrafeira bem sortida, mas claro que não ia beber uma garrafa de vinho sózinho, não porque não fôsse capaz, mas por ser caro e a refeição não valer a pena. Valha-nos ao menos a consolação de não ter sido muito cara, 4 euros por aquela hipótese de "bacalhau à Brás" , mas não merecia nem mais um cêntimo.
Depois de jantar e enquanto andava à procura de um café internet, perguntei a vários jovens naquela idade em que todos os jovens sabem onde fica um e só o quinto ou sexto é que conseguiu falar comigo e até sabia onde era um. Se calhar você pensam que eu estava nalgum subúrbio, não, garanto-vos que estava no centro da cidade, no Largo do Senado.
As relações problemáticas que eu tenho com o passado colonial português desde a minha juventude,e que até agora não diminuíram de intensidade, vieram agravar-se ainda mais com esta vinda a Macau.
Vou tentar (embora saiba de antemão que vai ser uma tentativa frustrada ) abstrair-me de que é Macau e pensar que estou de visita a uma cidade chinêsa qualquer.
Enfim talvez a minha têlha melhore até amanhã.
Já me esquecia de dizer, o meu quarto que custa mais caro, pouco mas é, que o de Banguecoque, tem um mobiliário do tempo em que o Luis de Camões andava por cá e uma casa de banho no andar de baixo, coisa que eu detesto e até agora nem na India nem no Sri Lanca me tinha resolvido a ficar, mas o dinheirito não nasce das árvores.
Podem não acreditar e digo isto com mágoa e tristeza, vou tentar aproveitar estes 3 dias o melhor possível, mas se me apanho outra vez na Tailândia até julgo que é mentira.
Amanhã digo mais qualquer coisa.
Henrique.


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