Tuesday, October 10, 2006

A SEGUNDA DESCOBERTA DO BRASIL - 17

Tenho tanta coisa para contar, nem sei por onde começar, é tanta coisa que nem vou começar pelo princípio.
Primeiro vou explicar aos não-brasileiros a razão pela qual o nome de uma das cidades mais famosas do mundo é um absurdo.
Os portugueses que como toda a gente sabe são os donos da sabedoria chegaram à baía da Guanabara e confundiram-na com a foz de um rio, e depois num arrojo de imaginação por que estavam nessa altura no mês de ( se calhar vocês já adivinharam!!!) Janeiro, resolveram então chamar ao lugar que tinham descoberto Rio de Janeiro.
Prosseguindo, a lição de cultura geral acabou por hoje ( talvez!! )
Ontem à noite, eu e os meus sócios de quarto, resolvemos ir a um rodízio de sushi aqui perto, eu nunca tinha comido sushi na minha vida e andava deserto para experimentar, não é mau, bastante exótico mas come-se bem. Vocês por exemplo não sabem mas os brasileiros fazem rodízio de quase tudo, de churrasco, de pizza, de sushi e até desconfio que nos restaurantes macrobióticos brasileiros há o sistema de rodízio, primeiro vem uma dose enorme de arroz integral, depois uma dose enorme de hamburgers de soja, depois uma dose enorme de sementes de guerguelim e por aí fora.
O que é certo é que vieram uma após outra, quatro travessas enormes cheias de sushi de todas as maneiras e feitios, ao fim da terceira sem termos sido capazes de acabar com tudo, claudicámos e resolvemos dizer aos empregados para não trazerem a quarta travessa, mesmo sem termos acabado as outras três. Cabe aqui dizer que os meus companheiros de quarto são um americano, um alemão e um brasileiro. Depois de jantar voltámos ao albergue, o brasileiro foi-se deitar e eu e o alemão e o americano ficámos no paleio até cerca da meia-noite.
Antes de jantar tinha falado com a Silvinha e acertado todos os pormenores para nos encontrarmos hoje.
Para hoje de manhã eu e o americano tínhamos combinado uma corridinha matinal para criar apetite para o pequeno-almoço, e assim foi, às 6:45 da manhã lá estava este herói a correr por Ipanema fora, a seguir, lá fizémos aquele bocadinho do Arpoador que liga Ipanema a Copacabana e depois ainda fizémos Copacabana toda, é um esticão dos diabos. Uma ida são mais ou menos 8 kms, o pior de tudo é que para lá fomos no meu ritmo, para cá o americano que tem 29 anos, veio há um ano do Iraque e ainda está com o sangue fresco na guelra, acelerou o ritmo e eu vi-me em palpos de aranha ( bonita expressão nao é? Quer dizer que me vi atrapalhado!!! ) para o acompanhar, nos últimos dois kms as minhas pernas pareciam feitas de puré de batata, e estava com uma fome de anteontem, mas lá me aguentei. Além disso digamos que ter corrido em Copacabana é uma história para eu contar aos netinhos que nunca vou ter.
Infelizmente o tempo estava encoberto e pouco depois começou a chover a cântaros e continuou assim até cerca das 18:00. Resultado, eu e a Silvinha encontrámo-nos tal como tínhamos combinado à uma da tarde na Faculdade de Letras onde ela é estudante, ela trouxe uma amiga dela a Débora que eu já conhecia de foto e que é muito simpática também. Ser jovem é algo maravilhoso e elas são mesmo duas jovens adoráveis. Apesar do mau tempo, lá fizémos algumas coisas, visitámos uma exposição sobre as Américas, comemos, ajudámos uns alemães de certa idade ( maneira muito simpática de dizer que eles eram velhos) a achar o Museu Histórico Nacional, fugimos da chuva permanente, visitámos a Igreja da Candelaria, rimos, tirámos fotos, eu diverti-me bastante e espero que elas se tenham divertido um pouco com o velho coroa portuga.
Faço aqui um parêntesis para contar, que os transportes públicos do Rio de Janeiro (metro e autocarro ) são modernos e frequentes e a maior parte deles movidos a energias alternativas pouco ou nada poluentes. Isto é a parte positiva, a parte negativa é que o trânsito é muito intenso e os autocarros se deslocam com a velocidade de uma tartaruga com reumático, além disso, em todo Rio de Janeiro, uma cidade com 8 ou 9 milhões de habitantes há duas linhas de metro com um total de 32 estações que necessáriamente cobrem uma parcela mínuscula do território da cidade e não o tornam muito atractivo e eficiente como tranporte alternativo.
De volta ao hotel, encontrei os meus colegas de quarto que me disseram que eles iam dentro de pouco tempo juntamente com mais uma alemã e um casal de holandeses jantar fora. Não me fiz rogado como podem imaginar, danadinho por companhia ando eu.
E eis que quando já desesperava por ir para Hamburgo sem ter experimentado uma churrasqueira de rodízio me achei de repente com aquela tropa fandanga toda dentro de uma, com a vantagem de estar a jogar em casa por ser o único que falava a lingua local.
Foi de facto com o toda a gente dizia, para além das saladas e acepipes iniciais os cortadores começaram a trazer sem descanso doses enormes de carne no espêto tendo o pessoal de fazer um esfôrço enorme para os conter da fúria de encher os nossos pratos de montões de carne do tamanho do Everest. O pessoal todo adorou a experiência. Acabado o jantar eu o americano e o alemão ainda passámos ao andar de cima onde funciona um bar irlandês. Eu bebi duas bebidas típicamente irlandesas chamadas caipirinha e depois resolvi voltar como menino de juízo para o albergue para escrever este mail enquanto os outros ainda ficaram por lá e queriam ir a uma festa de samba ou nao sei quê, devo dizer que ao grupo inicial de três se tinham juntado dois italianos e um irlandês e uma irlandesa, mas eu se continuasse por lá começaria a entrar nas caipirinhas violentamente e pensei além disso que tenho responsabilidades quase jornalísticas para com os meus leitores que esperam, ávida e sôfregamente novidades minhas e não quiz faltar com o meu dever.
Amanhã, se me lembrar e se me apetecer falo-vos um pouco das favelas do Rio de Janeiro. Agora são 22:30 e está na hora de eu ir molhar a minha garganta seca numa cervejinha ou quem sabe noutra caipirinha. Se amanhã de manhã vou correr ou não logo vos digo.

Henrique

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