Tuesday, October 10, 2006

Telegramas indianos - 5

Algumas fotos do templo de Bahai



Quarta-feira, 17 de março de 2004 07:30

Olá minha gente,

hoje de manhã tive um bocado mais de juízo e lembrei-me de olhar para o bilhete de identidade antes de começar a fazer disparates como o de ontem, o que ele me devolveu não me agradou muito mas enfim. Fui de triciclo motorizado ( estes veículos que existem por toda a Ásia são chamados de tuc-tucs em virtude do ruído que fazem por terem um motor de combustão a dois tempos ) até ao templo do Lotus, um templo que não é bem um templo, é uma construção moderna acabada de contruir em 1986 no meio de um jardim muito aprazível e bem cuidado. Tem a forma de uma flor de lotus com 35 pétalas em betão cobertas de mármore branco, faz um belo efeito confessemos. A ideia da construção do templo foi ser um ponto de encontro de todas as religiões, não se celebra lá missa ou qualquer ofício religioso, chegados lá dentro deparamos com uma cúpula altíssima e montes de lugares onde as pessoas se sentam a pensar, a meditar, tudo muito em silêncio, é um sítio muito aprazível. Cá fora a contrução está cercada de nove tanques de água muito limpa e que contribuem para o sistema de refrigeração interior.
A ida e volta ( cerca de 30 kms ) custou-me 270 rupias ou 5,5 euros ou 60 reais ou 150.000 meticais.
Perguntaram-me se eu faço estas visitas todas sózinho e o que que foi feito da companheira do primeiro dia. Sim, até agora tenho andado sempre sózinho o tempo todo e não tenho falado com ninguém a não ser para dizer 50 vezes por dia, não obrigado, não, não quero, já tenho, não, não vou etc.
Quanto à Sujata telefonei-lhe hoje de manhã a tentar convencê-la a trazer a mãe para irmos jantar a qualquer lado, apesar de ter calculo eu uns 25 anos a mãe não a deixa sair sózinha à noite ( ???) . Isto não é história, são sociedades e mentalidades um pouco diferentes das nossas. É uma situação um bocado difícil, porque a mãe não sabe falar inglês e sente-se portanto um pouco inferiorizada em relação à filha. Enfim vou telefonar-lhe daqui a pouco e logo saberei se dá para nos encontrarmos ou não. De tudo darei notícia.
Claro que eu só conto os episódios mais pitorescos, mas viajar pela India é duro, muito duro. A pobreza atinge proporções dificílmente imagináveis e o que é mais dificil de suportar é que não é uma pobreza escondida dentro de quatro paredes e que nós não vemos, só podemos adivinhar. Não, a pobreza na India é demonstrada, é ostentada a cada passo, torna-se necessário desligar alguns sentidos para algumas vezes conseguir suportar a India. Eu falo agora sobretudo para os moçambicanos, não se pode comparar Maputo com Delhi, o asseio das ruas de Maputo, uma certa ostentação de bem estar, um trânsito certinho e ordenado, claro que deve haver zonas muito pobres de Maputo onde eu não fui, mas aqui a pobreza está em toda a parte não está escondida, eu disse pobreza? Desculpem, eu queria dizer miséria, a mais lamentável das misérias e não importa se estamos no centro da cidade ou nos suburbúrbios, em paralelo com maravilhosas impressões estão tambem impressões trágicas, miséria, doenças, defeitos físicos de toda a espécie expostos ali aos nossos olhos como se fosse uma gigantesca montra.
Vou-me despedir por agora, logo à noite se puder há mais.

Abracos para todos os que têm a paciência para me ler e mesmo para aqueles que não têm, do

Henrique

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