Friday, December 01, 2006

Histórias do reino do Siao - 18

Hoje vou ser mais disciplinado e não deixar o mailzito ( mailzão !) da ordem para tão tarde.
São agora 14:30 e já me fartei de "trabalhar".
Depois de escrever o mail de ontem fui-me reunir aos dois casais com quem estava antes, mas cerca da meia-noite verifiquei que eles ainda estavam ali para lavar e durar, e entrar com força nos alcoóis, por isso resolvi despedir-me e ir para a caminha como fazem os meninos bonitos como eu sou.
Como dizem que deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer e como eu ainda sou jovem, espero crescer mais uns 2 ou 3 centímetros. Hoje de manhã, cerca das 7 da manhã levantei-me e fui correr um bocadinho para criar apetite para o almoço. A temperatura nem sequer estava muito alta, pouco devia passar dos 20 graus, mas como a humidade atmosférica é enorme, ao fim da minha horinha, eu escorria por tudo quanto era póro.
Fui tomar o meu duche e o pequeno-almoço.
Pouco depois vieram buscar-me para ir fazer o tal passeio de elefante e ás grutas.
Foi interessante e muito trabalhoso. A coisa foi dividida da seguinte maneira, primeiro uns 20 minutos em cima do elefante, o orelhudo ia andando pacientemente, mas de cada vez que ele dá um passo tu tens de te agarrar bem senão vens parar cá abaixo e um elefante não é alto pra burro, é alto pra elefante, mas de qualquer das maneiras é interessante andar, assim como ver a maneira afectuosa como os mahouts ( os condutores de elefantes ) tratam os animais.
Seguidamente, uma boa meia hora a pé por dentro da selva, atravessar várias vezes um riacho, trepar montinhos e vales e finalmente chegámos ás grutas, que sao interessantes mas já vi melhor, a parte mais mázinha é que em montes de lugares, tinha tunéis baixinhos em que só se podia passar rastejando, aquilo é feito para tailandêses e para portuguêses não muito grandinhos, uma alemão gordo de 1,80 não tem a mínima hipótese, fiquei todo enlameado dos pés a cabeça, o chão da gruta está permanentemente húmido porque o sol nunca lá entra.
Em seguida voltámos pelo caminho inverso, (quando eu digo voltámos falo de mim e do guia ), mais meia hora de caminhada pela selva e mais uns 20 minutos de elefante ( para vocês não pensarem que é mentira, logo à noite tento mandar-vos uma foto comigo escarranchado no orelhas de abano ).
De volta ao bungalow, foi só tirar as roupas e sapatilhas enlameadas, fazer o penoso minuto que me separa da água e ir tomar uma valente banhoca na aguinha morna enquanto penso em vocês infelizes, sobretudos os que estão em Portugal, na Alemanha e na Suíça, com os vossos dias tristes, frios e cinzentos.
Eu ontem aflorei o tema do perder a compustura, e de como isso é importante para um tailandês. Eu sei um pouco disso através de ler o que alguns estrangeiros que aqui vivem há alguns anos dizem sobre o assunto, no entanto o tema é muito mais vasto que aquilo que eu sei.
Perder a compustura é por exemplo gritar, se alguma coisa nao funciona aqui, a pior coisa que uma pessoa pode fazer é irritar-se e comecar a gritar e a gesticular furiosamente, o mais natural é que o tailandês lhe vire as costas e passe a desprezá-lo profundamente. Quando qualquer coisa corre mal, a melhor solução é manter a calma, mesmo que interiormente se esteja um pouco chateado e tentar um sorriso, as coisas melhoram logo de certeza. Por exemplo, uma pessoa pede uma coisa para comer e o empregado traz uma comida errada ou a comida pedida nunca mais chega ( dois exemplos que nunca me aconteceram mas que podem acontecer ) nada de barafustar ou gritar, garanto-vos que o empregado simplesmente vos vira as costas e vocês nunca mais conseguem merecer respeito e consideração naquele local.
Chegar a um hotel e alguém perdeu a reserva que tínhamos feito? ( tambem não me aconteceu, mas pode acontecer ), nada de barafustar, ficar tranquilo, esboçar um sorriso e rápidamente se vai arranjar uma solução, se comecarem a barafustar o mais certo é nessa noite ficarem a dormir na rua senão encontrarem outro hotel que vos albergue.
Mas há mais exemplos e estes dizem mais respeito ás relacoes entre tailandêses.
Um funcionário descobre uma maneira mais racional e prática de fazer qualquer coisa do que aquela sugerida pelo chefe, mas nem por sombras lhe passa pela cabeça dizer isso, isso significaria um perde face para o chefe e seria uma coisa terrível. Para um tailandês é importantíssimo nas suas relações com os outros, não só que ele nunca perca a face, a compustura, mas também é importante que não faça o seu interlocutor perder a face.
E agora que espero já vos ter dado algo para pensar logo de manh ao abrir o PC ou à noite ao chegarem a casa, despeço-me não até amanhã mas espero que até daqui a bocado, agora tenho uns assuntos importantes a tratar, tenho de ir comprar 6 selos, tenho de escrever 3 postais, enfim, coisas assim, importantes e inadiáveis.
Mais logo recebem umas palavrinhas minhas e os felizardos que recebem fotos, recebem mais umas fotinhas.
Ate lá desejo-vos um Novembro o mais quentinho possível.

Abraços

Henrique

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