Wednesday, December 06, 2006

Algumas fotos da Tailândia - 3 a 24 de Novembro 2006


De 3 a 24 de Novembro de 2006 fiz uma viagem pela Tailândia. Aqui podem ver algumas fotos assim como a seguir, alguns mails que eu mandei a amigos e conhecidos relatando as minhas experiências por lá. Espero que tenham algum prazer a ver as fotos e a ler os têxtos.



















De cima para baixo
1 - Praia de Haad Rin ( leste ) Ko Phangan
2 - Pôr do sol em Mae Haad - Ko Phangan
3 - Praia em Ko Lanta
4 - Buda reclinado
5 - Stupa dourada no Wat Phra Keo
6 - Guardioes no Wat Phra Keo ( Banguecoque )

Saturday, December 02, 2006

Histórias do reino do Siao - 1

Meus amigos ( as )

desde que vim do Brasil há quase um ano ( que saudades !!! ) que tenho andado a contar os dias até poder ir de férias outra vez.
Desta vez eu e a minha mochila vamos até à Tailândia.
Vou quebrar a promessa que tinha feito a mim próprio de não voar com companhias árabes indo com a Kuwait Airlines, é de facto a que tem neste momento a melhor relação preço/ tempo de espera no aeroporto à ida e à volta. A alternativa seria ir com a sinistra Aeroflot ( quem teve o supremo privilégio e prazer de ler os mails que eu enviei da India deve estar recordado do que eu me fartei de barafustar com a dita companhia de aviação ) e ter de esperar naquele desgraçado aeroporto de Moscôvo no regresso umas 8 ou 10 horas, isto depois de ter tido o sublime prazer de gozar à ida e à volta com o "excelente" serviço dos russos. Enfim, pelo menos assim tenho a certeza que nenhum terrorista árabe ataca o avião.
Se tudo correr bem por lá andarei a vagabundear durante 21 dias.
Estou muito bem preparado. Desde que em Março reservei e comprei os bilhetes de aviao que li e consultei cerca de 30 "sites" sobre a Tailândia num total de provávelmente mais de uma centena de páginas, frequentei diáriamente o fórum do Lonely Planet e um outro fórum alemão, li dois guias de viagem ( não inteiros claro, só as partes que me interessavam ), falei com pessoas que tinham lá estado, vi centenas de fotos. Alguma dessa sabedoria acumulada transpirará para vocês com a riqueza de pormenores e palavreado que eu sei que vocês tanto apreciam.
Vou tentar ( atenção!!! Eu disse tentar! ) melhorar a qualidade informativa destes mails enviando algumas fotos ilustrativas daquilo que eu digo nos mails. Como algumas pessoas não podem, por este ou aquele motivo receber fotos, eu irei enviá-las separadamente, embora relacionando-as com os mails. Por exemplo: se o mail se chamar: Histórias do reino do Sião - 5, o mail com as fotos correspondentes chamar-se-á: Histórias do reino do Sião - 5 ( fotos ).
Peço antecipadamente as minhas desculpas pelos erros de pontuação e ortografia. Alguns serão meus, outros serão das maquinetas onde eu estiver na altura a escrever. Que culpa tenho eu que este teclado por exemplo não tenha nem tis nem cedilhas?
Como de costume vou tentar ser tão detalhado e pormenorizado ( leia-se chato!) que não vou deixar grande margem para dúvidas ou perguntas. No entanto estarei como de costume aberto, para na medida dos meus fracos conhecimentos explicar ou elucidar um ou outro pormenor. Tal como fiz nas viagens anteriores, se achar que a matéria é de interesse colectivo responderei por aqui, se achar que é um pormenor que só a essa pessoa interessa responderei em mail privado.
Amanhã vou passar o dia todo em viagem, por isso não vão receber nada. Logo de manhã parto de combóio ( trem ) até Frankfurt, de lá vou até Kuwait City ( grrr ) e cerca de duas horas depois para Banguecoque. Depois de 3 dias em Banguecoque mudo de sítio, mas para onde é segredo, vou tentar aumentar a tensão durante tanto tempo até rebentar orgásticamente quando chegar a devida altura.
Assim que chegar a Banguecoque, estiver instalado e tiver algo que ache de interesse para relatar procurarei um café internet para iluminar de alegria as vossas vidas tristonhas.
Até lá e porque este mail já começa a estar muito longo, coisa que aliás é muito rara em mim, vou despedir-me

Histórias do reino do Siao - 2

Eu no aeroporto de Frankfurt com todas as armas e bagagens

















Meus amigos,

cheguei há pouco a Banguecoque (estes teclados parece não terem acentos, por isso vai mesmo assim ) e foi só o tempo de me instalar. Como já há mais de 24 horas que não via um PC pela frente não consegui resistir.
Mas não ponhamos o carro ou a carroça à frente dos bovinos, comecemos pela viagem. Correu tudo muito bem.
Embora eu não goste muito dêles as verdades são para serem ditas as minhas duas experiências até agora com companhias árabes foram positivas. Pessoal atencioso, comida em razoável quantidade e bem confeccionada, aviões modernos, limpos e bem equipados.
Quanto ao aeroporto de Kuwait City é moderno e limpo.
As revistas de modas kuwaitianas e os estilistas de moda não devem ganhar muito dinheiro, a moda masculina consiste numa espécie de camisa ( camisola ) de dormir, até aos pés, branca. Quanto ás mulheres vestem invariávelmente um trapicalho preto que as cobre da cabeça aos pés, algumas deixam ver a cara ( devem ter um marido que é um liberalão ) e as outras só abrem uma nesguinha por onde se podem ver os olhos negros coruscantes (deve ser para condizerem com as roupas ).
Quanto ao Kuwait em si tem muitas coisas interessantes que eu vou comecar a enumerar
1a - O Kuwait tem muito petróleo, montes de petróleo, toneladas de petróleo.
2a - O Kuwait tem muita areia, montes de areia, toneladas de areia.
3a - ahmm..., hmmm...eu já disse que no Kuwait há muito petróleo?
4a - e... e...e.... areia, eu já disse que no Kuwait há muita areia?
Passemos adiante.
Como cheguei agora mesmo ainda não tive práticamente tempo de ver nada de Banguecoque. Para além do quarto no meu hotel, (um dia destes dou-vos o site para vocês ficarem com uma ideia )e do PC que é no rés-do-chão do hotel não vi mais nada.
Pelo meu quartito, pequeno mas limpo, com casa de banho privativa e ar condicionado, pago cerca de 6 euros ou 15 reais mais ou menos, não é mau não acham?
O tempo está bom, quente mas suportável .
E agora é chegada a altura de eu por agora me despedir e ir à descoberta da cidade. Mais logo ou amanhã o mais tardar vão ter novidades minhas.

Abraços para todos do

Henrique

Histórias do reino do Siao - 3

Gente,

estou esfalfado, cansado, rebentado. Primeiro porque as duas últimas noites foram muito mal dormidas, a primeira porque com o nervosismo acordei 3 horas antes do despertador e não consegui readormecer, por isso levantei-me, e a segunda porque não se dorme mesmo nada bem a bordo de aviões. Além disso desde as 14:00 que ando a calcorrear ruas e travessas por esta Banguecoque fora. De vez em quando entrava num centro comercial para ver algumas coisas que me pediram e também para me refrescar um pouco com o ar condicionado.
O tráfego é meio louco, muito, muito intenso e com umas regras inventadas pelos tailandêses. Em principio o trânsito é pela esquerda mas nem sempre.
Quanto à comida e pêlo que vi até agora é evidentemente um pouco exótica (vocês devem estar a fazer uns malabarismos danados para lerem isto sem acentos ) mas muito boa e para todos os gostos e numa variedade indescrítivel. A avaliar pela quantidade de comida que há a vender os tailandêses deviam ser gordíssimos, estranhamente não são. Comer parece ser assim uma espécie de desporto para os tailandêses, há montes, centenas de vendedores na rua e as pessoas, familias inteiras socializam imenso comendo na rua sentadas em banquinhos de plástico à volta de mesas periclitantes. Vender e comprar comida na rua é um habito ancestral dos tailandêses, há apartamentos aqui na Tailandia que não têm cozinha, as pessoas não cozinham, comem logo ali ou levam para casa.
Hoje passei por um nicho ou altar na esquina entre duas ruas muito movimentadas, mas isso não parecia perturbar minimamente os tailandêses que impávidos e serenos oravam tranquilamente. Claro que estas orações sao budistas, a maior parte dos tailandêses professa essa religião. A diferença horária entre a Tailândia e Portugal é de 7 horas e de 9 horas para o Brasil, pelo que enquanto eu estou aqui já a escrever às 22:00, vocês mal acordaram.
Na terça de manhã, vou apanhar o avião para......., mistério, segredo, suspense, não vou revelar tudo agora, vai ser a pouco e pouco para fazer o prazer aumentar ( desculpem, estava a pensar noutra coisa ) o que eu queria dizer é que queria aumentar a expectativa.
É verdade e para terminar por hoje, eu sou definitivamente incorrigível, agarro-me ao PC e cobardemente aproveitando-me do facto de que vocês não me podem interromper, vou escrevendo, escrevendo, queria ainda dizer uma coisa. Distraído como sou, a maior parte das vezes nem reparo, mas desta vez por acaso reparei, as tailandêsas são pequeninas, mimosas e sexys, para além disso aqueles olhinhos amendoados encantam-me. Se calhar estavam a pensar que eu por ser velho e canastrão já não tinha olhos na cara?
E quanto aos tailandêses? Ora adeus!, Eu quero lá saber dos tailandêses. As minhas leitoras que me desculpem mas eu desse olho sou cego! Então por agora foi muito bom, mas vai acabar, amanhã há mais.
Para todos, para os que tiveram paciência para me ler até ao fim e para os outros que já me mandaram ás urtigas há que tempos um grande abraço do

Henrique

Histórias do reino do Siao - 4

Minha gente,

ontem depois de vos ter escrito ainda fui dar uma passeata até à Rua Khao San ( Khao San Road ), eu escolhi intencionalmente o meu hotel ou pensão ou lá o que lhe queiram chamar, lá perto mas não directamente lá. Esta rua é de certeza a mais conhecida da Tailândia e até talvez de toda a Ásia.
As opiniões sobre a Khao San dividem-se, umas pessoas odeiam-na, outras adoram-na e outras como eu acham mais ou menos agrádavel ter tanta oferta de locais para dormir baratos assim como haver muita coisa que satizfaz um ocidental, como cafés onde tomar um pequeno-almoço mais ou menos ocidental, vários locais onde se pode beber cerveja e são frequentados por outros ocidentais, vários cafes com acesso à Internet etc.
Depois disso fui-me deitar e dormi belíssimamente umas 7 horas de seguida. O meu quarto dá para traseiras podendo eu assim disfrutar do prazer ilimitado da vista para a parede branca de umas outras traseiras quaisquer. Mas isso não me importa muito, eu não vim para cá para estar à janela a ver a vista, muito mais importante é que o quarto é muito tranquilo e os lençóis são alvíssimos.
Se quiserem dar uma vista de olhos nas 5 estrelas do meu hotel cliquem aqui. É preciso dominar um pouquinho inglês, mas muito pouco, para o que é importante.
www.sawasdee-hotels.com/bangkok/smileinn/index.html
Hoje de manhã, depois das abluções matinais, tomei o pequeno almoço e pus-me a caminho do rio, que é aqui muito perto, uns 10 minutos no máximo a pé. Lá apanhei um barquito que me levou a dar uma volta rio abaixo e me proporcionou uma outra visão de Banguecoque.
Seguidamente andei, andei kms sem fim à procura de algo que eu sabia que existia e os meus esforços foram recompensados. Eu tentava encontrar e encontrei a Igreja de Santa Cruz. Não, eu não estou a fazer nenhuma tradução, a igreja chama-se mesmo assim. Ora bem, em 1767, os birmaneses andaram às guerras com os tailandêses ( a Birmânia que tambem já se chamou Burma e agora se chama Myanamar é um pais vizinho aqui da Tailândia ) e os tailandêses pediram ajuda aos portugueses que andavam por cá a espalhar a fé cristã e outras coisas. Bons rapazes os portugueses acederam e contribuiram para mandar os birmaneses mais depressa para casa do que eles pensavam.
Muito reconhecido o rei da Tailândia deu um terreno aos portugas que aí construíram uma igreja inicialmente de madeira. Já no século XIX, como a tal igreja estivesse em ruínas, foi construída outra no mesmo lugar ( aquela que eu hoje visitei ) , infelizmente estava fechada, tinha uns vitrais bonitinhos por fora e estava estupendamente bem conservada.
Ja agora gostava ainda de dizer aqui que a primeira embaixada de um país estrangeiro na Tailândia foi a portuguêsa. E esta hem? Confessem que não estavam à espera!
Em seguida sempre ao fresquinho dos 30 graus ou talvez um pouco mais que estão por cá, fui até à Chinatown aqui de Banguecoque. Apesar de ser domingo( ou se calhar por isso ) havia uma enorme quantidade de vendedores de toda a sorte de quinquilharia que vocês possam imaginar, ruas e ruas atulhadas de gente a vender comida ( claro ), relógios, rádios, corta-unhas, canivetes, tudo, e tudo de contrabando.
Entretanto já bebi litro e meio de água e até devia ter bebido mais, comi 3 mini crepes recheados de vegetais e um kebap de frango.
Mas aonde é que será que eu vou na terça feira de manhã? A questão é esta, a minha vida que espero que seja curta, não sei se me irá permitir regressar a estas bandas, vai daí eu descobri na Internet um bilhete de avião para.................................................... já se me ia a escapar, cala-te boca palradora que não sabes guardar um segredo.
Agora são 15:30, estou aqui muito perto do meu hotel, vou lá depositar a máquina de filmar e uma pequena mochila que trago comigo porque já estou farto de alombar com aquilo às costas todo o dia. Logo à noite, se tiver tempo, conto-vos o que fiz no resto dia ou então falo-vos do rei da Tailândia que tem muita coisa que se lhe diga, eu sei que vocês vão gostar, aliás vocês adoram o que eu vos mando.

Abraços

Henrique

Histórias do reino do Siao - 5

Meus amigos,

vou começar por contar o que fiz hoje e só depois conto o que fiz ontem, complica um bocadinho, mas eu quero aproveitar enquanto estou a quente.
A manhã de hoje foi dedicada à cultura. Há aqui em Banguecoque alguns monumentos que é indispensável visitar e foi isso que eu fiz hoje. Eu fiz isso intencionalmente já que tendo sido ontem e anteontem sábado e domingo calculei ( e bem! ) que estivessem muitos turistas lá.
Assim, nesta segunda-feira de manhã foi muito melhor, para além de mim e mais uns 2.693.375 turistas aquilo estava práticamente vazio.
Primeiro fui visitar o Wat Phra Keo ( escrevam isto no Google e vão à parte das imagens ) ou Templo do Buda de esmeralda. É um areal enorme com 218.000 metros quadrados ( só para dar uma ideia um campo de futebol tem mais ou menos 4.500 metros quadrados ), cheio de salas e salões, tudo muito bem conservado, com uma riqueza e um fausto difícilmente descritíveis para mim. Eu não sou muito avaro de palavras ( eu tenho de dizer isto para o caso de ainda não terem notado! ) mas confesso que me faltam as palavras, como descrever e fazer justiça á beleza da vista que se tem do Corcovado ou do Pão de Açucar? Como encontrar palavras que descrevam condignamente o Taj-Mahal? Pois é no mesmo estado de espírito que me encontro ainda. Mesmo que a minha viagem à Tailândia acabasse neste momento, o que eu vi nestes 3 dias e sobretudo hoje já me ficariam como recordação para o resto da minha vida.
Seguidamente fui visitar o Wat Po ( templo do buda deitado ), escrevam no Google: reclining budha.
Se tiverem tempo dêem mesmo uma olhadela, mas convençam-se que aquilo que vão ver é muito pálido, não há foto nem filme que dê uma ideia aproximada.
Antes do segundo templo, fui almoçar e tive como companheiro um moço australiano. O almoço consistiu de uma porção de arroz e carne de porco aos pedacinhos, com ervas, custou-me 40 baths ou sejam 90 centimos ou 2 reais e pouco.
Seguidamente eu e o australiano lá fomos visitar o templo que tem várias salas e salões tambem, mas cujo prato forte, aquilo que toda a gente quer ver, é um enorme buda deitado ou seja na posição de Nirvana. Quando eu digo enorme, é mesmo enorme, o buda é um colosso com 46 metros de comprimento todo dourado e com as solas dos pés enormes com incrustações em madre pérola.
Agora reparo que este mail está a ficar enorme, mas eu não vos poupo, nem tenho razão nenhuma em poupar, já que vocês me tratam tão mal, HAHAHAHAHAHAH, mas que raio de amigos arranjei eu!!!, vou rifar-vos, vou mudar de amigos. Mata-se aqui um homem a escrever, tenho as polpas dos dedos a sangrar quase, e vocês só reparam naquela frasezinha das tailandêsas, toda a gente me escreveu e amandavam cada uma, já me viam em massagens tailadêsas, outros viam-me a levar uma tailandêsa para a Alemanha, enfim, um descôco.
Falando em descôco, ou melhor em côco, entao não sabem vocês que eu andava em carência desde há um ano para beber um coquinho, e eis senão quando ia eu por aí fora nas calmas quando descubro que na Tailândia também se bebe côco fresquinho e custa o mesmo que no Brasil, 30 centimos ou um real, até agora já bebi três.
Ontem à tarde depois do mail que vos escrevi fui andar por aí e acreditem que andei e andei e andei, no mínimo uns 20 kms, penso terem sido mais, parei para visitar um centro comercial enorme com 7 andares quase só para produtos electrónicos, e continuei a marchar por Banguecoque fora, o trânsito é assustador, esta cidade não pára nem de dia nem de noite, felizmente os tailandêses sao poupados no uso da buzina porque senão seria quase impossível andar nestas ruas.
Quando já eram 23:30 e perante a perspectiva de fazer mais uns 15 kms a pé até ao hotel resolvi-me a tomar um tuc-tuc, que eu já conhecia da India e do Sri Lanca. Os tuc-tucs são triciclos movidos por motores a dois tempos, que não tem aquele trabalhar redondo dos carros que nós normalmente utlizamos, ( que têm como é sabido motores a quatro tempos ) pelo que fazem ao andar aquele barulho tão característico (assim como as vespas ou as lambrettas ) .
Esses veículos são normalmente conduzidos por maníacos, Schumachers ou Alonsos frustrados, que conseguem atropelar em 5 minutos quase todas as regras de trânsito conhecidas, só conhecem duas velocidades, parados ou com o acelerador a fundo, pelo que numa viagem de 15 minutos como a que eu fiz ontem, uma pessoa se despede mentalmente de amigos e conhecidos e se arrepende de não ter feito ainda o testamento.
Eu ainda estava a pensar em falar-vos do rei da Tailândia, mas sou bonzinho e poupo-vos, além disso, como eu depois de vir de ..........................................................
ainda volto à Tailândia, terei muito tempo para vos contar algumas coisas sobre Sua Majestade.
Bom e agora adeus que tenho um encontro marcado com um côco geladinho.

Henrique

Histórias do reino do Siao - 6

Olá pessoal,

o resto do dia correu tranquilinho. E por várias razões, primeiro eu não queria diluir aquelas óptimas impressões sujeitando-me ao sol e ao calor, e depois manda a verdade, a estafadeira de ontem ainda me estava nos ossos. Não consigo perceber bem porquê, há uns 25 anos lembro-me de calcorrear as ruas de Paris durante uma semana inteira e de não me sentir cansado, porque será? Da idade não pode ser de certeza porque eu pouco mais velho estou.
Sei entretanto que as fotos chegaram, embora em tamanho gigante, mas não chegaram para todos, por isso para aqui fique registado que o meu jantar num restaurante constou de arroz branco com pedaços de carne, folhas de manjerico e mais um vegetal qualquer, mais uma cerveja, ficou-me tudo pela loucura de 150 bahts ou seja mais ou menos 3 euros ou 8 reais.
Estou muito contente porque fiz um bom negócio. A ida de amanhã de táxi que me iria levar ao aeroporto para eu seguir viagem para.........., (não digo, não digo, não digo, não sejam bisbilhoteiros, amanhã terão tempo de saber) custar-me-ia cerca de 400 bahts, mas eu consegui descobrir aqui perto do meu hotel uma organização que trabalha para turistas claro, que aqui nesta região sao mais que as mães e que me faz o negócio por 120 baths, nada mau.
Algumas pessoas manifestaram (e com razão ) apreensão quando eu dizia que comia comida na rua. Eu devo dizer que tomo algumas precauções, evito comer carne ou peixe à noite, quem sabe há quanto tempo a carne ali está e com este calor fora do frigorífico as bactérias desenvolvem-se rápidamente e embora isso não seja um critério seguro tento só comer aquilo que me agrada à vista.
Agora são 21:00 e como amanhã tenho de me levantar ás 6 da matina, vou tranquilamente para o meu hotel, ver um pouco de TV e chamar o sono.
A propósito, quando eu falei na Khao San Road esqueci-me dizer que foi nessa rua que foram filmadas as cenas iniciais do filme ( a ilha ? aquele com o Leonardo di Caprio! ), felizmente o meu hotel sem ser o Ritz é um bom bocado melhor que aquela espelunca em que o Richard ( a personagem que ele interpreta) ficou. Essas espeluncas embora cada vez menos, ainda existem, nao é história do filme.
E com esta me vou, amanha há mais.

Um abraco

Henrique

Histórias do reino do Siao - 7

Olá meus amigos,

tinha preparado um texto sofrível que até escrevi no avião, mas mandei tudo pela borda fora.
Quando eu disser aonde estou, as reacções vão ser o mais díspares possível deste e do outro lado do oceano Atlântico, os portugueses vão dizer que foi uma ideia engraçada e que também gostavam de vir ( pelo menos a maior parte penso eu! ) e os brasileiros vão perguntar: o gajo está aonde?
Bom, eu estou em Macau. Falando muito francamente estava à espera de dizer isto com um grande hurraaaaa de satisfação mas não posso. Cheguei aqui há umas 7 horas e até agora não vi nada que mínimamente me agradasse. Explicando rápidamente aos brasileiros, Macau fica na China muito perto de Hong Kong, se procurarem no mapa, procurem Hong Kong e lá perto fica Macau. A razão da minha vinda aqui foi puramente sentimental. Macau não foi uma colónia mas um território sobre admnistração portuguesa até 1999. Estava eu na minha inocência, e a avaliar pelos comentários e reportagens que tinha lido, convencido que ia encontrar alguns traços da presença portuguesa e de facto quando se chega pensamos nós que encontramos, mas é uma ilusão.
Tudo está escrito em 3 linguas, português, inglês e um dialecto chinês ( cantonês ) ou no minimo como é o caso de todas as ruas em português e cantonês.
Mas é só fachada, nas pastelarias vendem-se umas patetices chinesas, nem uma única pessoa fala nem que seja uns rudimentos de português, nem um bom dia ou boa tarde, nada. Fui jantar a um restaurante que tinha uma ementa em inglês e onde alguns pratos eles diziam que eram em "portuguese style".
Temendo o pior acabei por pedir "Dry cod fish with scrambled eggs" ou seja uma coisa que em português se chama "bacalhau à Brás", os meus receios começaram a tornar-se cada vez mais fundamentados quando a empregada me perguntou para meu horror
se eu queria arroz a acompanhar, ia-me dando um xelique e disse-lhe vigorosamente que não. Ao meu lado um pai acompanhado do filho comiam o mesmo, o pai com a sua indispensável tijela de arroz a acompanhar o bacalhau, o filho comia esparguete, a certa altura o pai põe duas colheres do bacalhau em cima do esparguete, eu só vos digo, sofri imenso.
Finalmente veio o meu bacalhau, aqui para nós embora ele não tenha culpa e eu seja contra a violência, acho que o cozinheiro devia ser enforcado primeiro, depois empalado e depois esquartejado em quatro e os pedaços servidos de pequeno almoço aos crocodilos.
Para acompanhar a refeição, fui ao cardápio ver se eles ao menos tinham uma Sagres, nem pensar, tinham cerveja chinêsa, dinamarquêsa, holandêsa e até para cúmulo dos cúmulos espanhola. Tinham algumas marcas de vinho português, umas 3 ou 4, não pensem que era uma garrafeira bem sortida, mas claro que não ia beber uma garrafa de vinho sózinho, não porque não fôsse capaz, mas por ser caro e a refeição não valer a pena. Valha-nos ao menos a consolação de não ter sido muito cara, 4 euros por aquela hipótese de "bacalhau à Brás" , mas não merecia nem mais um cêntimo.
Depois de jantar e enquanto andava à procura de um café internet, perguntei a vários jovens naquela idade em que todos os jovens sabem onde fica um e só o quinto ou sexto é que conseguiu falar comigo e até sabia onde era um. Se calhar você pensam que eu estava nalgum subúrbio, não, garanto-vos que estava no centro da cidade, no Largo do Senado.
As relações problemáticas que eu tenho com o passado colonial português desde a minha juventude,e que até agora não diminuíram de intensidade, vieram agravar-se ainda mais com esta vinda a Macau.
Vou tentar (embora saiba de antemão que vai ser uma tentativa frustrada ) abstrair-me de que é Macau e pensar que estou de visita a uma cidade chinêsa qualquer.
Enfim talvez a minha têlha melhore até amanhã.
Já me esquecia de dizer, o meu quarto que custa mais caro, pouco mas é, que o de Banguecoque, tem um mobiliário do tempo em que o Luis de Camões andava por cá e uma casa de banho no andar de baixo, coisa que eu detesto e até agora nem na India nem no Sri Lanca me tinha resolvido a ficar, mas o dinheirito não nasce das árvores.
Podem não acreditar e digo isto com mágoa e tristeza, vou tentar aproveitar estes 3 dias o melhor possível, mas se me apanho outra vez na Tailândia até julgo que é mentira.
Amanhã digo mais qualquer coisa.

Henrique.

Histórias do reino do Siao - 8

Olá meus amigos,

nao me vou alargar muito falando de Macau. Se quiserem saber um pouco sobre Macau cliquem aqui, está em 3 linguas: cantonês (que eu imagino que poucos de vós vão escolher), português e inglês:
www.macautourism.gov.mo/index.html
Ontem à noite antes de me ir deitar ainda parei numa espécie de mercearia para comprar água, os proprietários eram dois velhotes, imagino que dos seus 80 anos, para mais e não para menos. Como eles sabiam umas 10 palavras de inglês eu fiz uma última tentativa e perguntei-lhes nesse idioma se eles sabiam falar português. Depois de reflectir aí uns 3 segundos a velhota respondeu-me com um ar muito orgulhoso como se estivesse a recitar os Lusíadas de cor: muita pouca.
É verdadeiramente exasperante.
Antes tinha ainda passado pelo casino, estive lá uns 20 minutos, a jogatina ia muito animada, em dezenas de mesas e em diversos tipos de jogo, mas eu francamente só acho o ambiente de casinos divertido nos filmes do James Bond, tirando isso e apesar de ser uma pessoa que gosta de jogar, de apostar, em casinos não é uma coisa que me satisfaça particularmente. Falando em apostas, eu aposto que a minha má disposição não vai melhorar enquanto estiver aqui em Macau, alguém aposta contra?
Hoje de manhã andei, andei, fui ver a chamada Gruta de Camões, diz a lenda que ele escreveu lá pelo menos parte dos Lusíadas. Não era uma gruta, era um rochedo, um calhau com algumas poesias sobre o Camões e uma lápide alusiva a ele datada de 1933, mesmo lá perto e como era de manhã, havia uma data de chineses a fazerem tai-chi.
Depois continuei a andar visitei mais um jardim e uma colina e depois fui até à Torre de Macau, a décima torre mais alta do mundo, até nem é caro, por 7 euros faz-se a festa e vai-se a mais de 300 metros de altura, também tenho o site de lá mas infelizmente só em inglês, quem não se sentir relativamente à vontade nesse idioma vai ter algumas dificuldades.
www.macautower.com.mo/eng/main.asp
E agora mesmo fui almoçar uma coisa típicamente sino-portuguesa chamada Cheeseburger ou coisa que o valha da conhecida cadeia alimentar chinesa McDonalds.
Então e por agora acabou-se a história e foi bem mais comprida do que eu pensava

Histórias do reino do Siao - 9

Olá meus amigos,

ontem à tarde fui ver as últimas atracções turísticas aqui de Macau entre elas as Portas do Cerco que constituíam a fronteira (fechada ) entre Macau e a Rep. Popular da China e uma estátua de um Vasco da Gama deficiente, em vez de braços o desgraçado tinha dois tôcos que fazia com que o infeliz do Vasco da Gama como diz uma amiga minha pareça ser daquela geração de crianças que sofre de talidomida.
Já agora o que faz o Vasco da Gama aqui? Só por curiosidade, o homem nunca pôs aqui os pés, porque não põem também uma estátua ao Bartolomeu Dias ou ao Álvares Cabral?
Hoje de manhã e perante a perspectiva de ter um dia pela frente sem nada para fazer numa cidade chinesa de provincia sem interesse nenhum, lá tive a ideia brilhante, bem, muito brilhante não foi, mas enfim, foi a melhorzinha que eu tive nos últimos dias. E se eu aproveitasse e já que estou aqui desse uma saltadita a Hong Kong?
E se bem o pensei melhor o fiz, eram 10 da manhã quando cheguei a HK, depois de uma hora num barco muito rápido (jet foil ).
Chegado lá foi um baque, eu não vou dizer que HK é bonita, nada disso, mas é um potentado económico apesar das suas pequenas dimensões ( que são no entanto bem maiores que as de Macau ).
Como sabem eu costumo ir muito bem preparadinho e com os trabalhos feitos de casa, como isto foi assim uma situação de recurso, não sei absolutamente mais nada do que qualquer outra pessoa, não tenho números nem informações oficiais para vos dar ou sites. Terão de se fiar nas minhas impressões. Enquanto Macau é pequenina ( 20 Km2 e 500.000 habitantes ) e provinciana, Hong Kong é enorme e cosmopolita, enquanto os portugueses ao deixarem Macau entregaram aos chineses uma cidade chinesa como outra qualquer com talvez a única vantagem de ter, diga-se em abono da verdade umas estruturas decentes, transportes colectivos públicos muito eficientes, um aeroporto novinho em folha etc, mas por serem incapazes de falarem outra lingua que não seja o chinês totalmente ou quase acríticos em relação ao que se passa em seu redor, os ingleses entregaram uma cidade de ponta, uma cidade com vários milhoes de pessoas, com um espectacular nível de vida. Não é uma cidade bonita, por falta de espaco, os prédios de 20 e mais andares acumulam-se uns ao lado dos outros. O servico de transportes públicos funciona muito bem e os condutores de automovéis e autocarros pensam primeiro nas pessoas a pé e conduzem de uma maneira defensiva.
Estou a ficar um pouco cansado, sobretudo a nivel psíquico, tenho passado os últimos dias sujeito a níveis de barulho muito superiores aos que estou habituado, para além disso sujeito a enorme poluição atmosférica, sempre a andar nas ruas mais movimentadas.
É mais que chegada a altura de eu amanhã voar para Banguecoque e no dia seguinte arrancar para a terceira parte da minha viagem que confesso anseio bastante, estou farto de florestas de cimento, estou farto de barulho, estou farto de ver milhões de pessoas, quero ver vêrde, água quentinha, areia, naturêza.
Então até amanha antes de ir para o avião para me despedir desta parolice ou entao à noite já de Banguecoque

Um abraço do

Henrique

PS: algumas linguas maldosas andam para aí a espalhar que eu tenho ido para as massagens tailandêsas. Bom, é verdade que a Tailândia é a terra das massagens e a cada instante aparecem estúdios de massagem para massagar dos pés à cabeca passando por outras partes do corpo ( os joêlhos ou os cotovêlos por exemplo!). Muitos desses estúdios são perfeitamente honestos e não têm mal absolutamente nenhum, pode-se ver da parte de fora e são frequentados por homens e mulheres. Outros.....bom, isso é outra historia, eu conto-vos quando tiverem mais de 18 anos.
Mas até agora não fui nem a uns nem a outros.

Histórias do reino do Siao - 10

Este vai ser o último mail que vou enviar aqui de Macau. Vou aproveitar para mencionar aqui algumas coisas que não tinha dito até agora e encerrar o capítulo Macau para o resto da minha ( esperemos que curta ) vida.
Eu estou a morar na pensão San Va, situada na R. da Felicidade, prolongamento do Beco da Felicidade e que é atravessada pela travessa da Felicidade. A razão de ser de tanta felicidade tem a ver com o facto de em tempos longínquos haver naquelas ruas umas casas de meninas que a troco de alguns cobres davam aos homens alguns momentos de felicidade. Diga-se que embora tendo perdido muito do que fazia a fama daquelas ruas, os tempos ainda não são assim tão longínquos, a avaliar por umas meninas que eu vejo por lá pelas esquinas e pela proposta de algumas práticas sexuais ainda proibidas pelo código penal de alguns estados dos Estados Unidos da América que uma menina me fez hoje de manhã a troco de 200 patacas ( 20 euros ou 50 reais ), tendo 2 minutos depois baixado a tarifa para metade.
Eu manifestei a concordância, mas por jestos e sinalefas dei-lhe a entender que ainda era muito cedo, logo à noite eu voltava e fechávamos negócio.
Tenho-me esquecido também de dizer, mas mais vale tarde do que nunca que Macau sempre foi, mas sobretudo nos ultimos anos se tem desenvolvido como uma espécie de mini Las Vegas, a capital da jogatina no oriente.
Vou ter de interromper este mail aqui mas já volto ao ataque.
Já explico porquê.

Henrique

Friday, December 01, 2006

Histórias do reino do Siao - 11

Meus amigos,

a razão porque eu tive de interromper tão abruptamente quando estava tão embalado é que estava numa mesa de Internet gratuito cuja utilização por pessoa é limitada a meia hora e tinha alguém atrás de mim a tambem querer entrar.
Prosseguindo, dizia eu que Macau se tem a pouco e pouco tornado numa mini Las Vegas. Como em Hong Kong a jogatina é proibida, todas as noites peregrinam milhares de cidadãos de lá para Macau para virem jogar. Eu só fui a um, ao velhinho Lisboa, mas entretanto têm nascido como cogumelos algumas filiais de casinos de Las Vegas como o Wynn, o Sands e outros. Eu calculo que sejam mais de uma vintena de casinos, muitos com enormes hotéis acoplados, a maior parte desses chineses de Hong Kong não vem para ver as belezas naturais de Macau ( e ficaria muito desiludida se viesse para isso ) mas sim, para jogar, então é muito prático ter casino e hotel no mesmo edifício. Eu escuso de dizer que quer os hotéis quer os casinos são de topo de gama, todos os casinos são grandes, alguns no entanto são gigantescos, fazendo parecer o nosso casino do Estoril que não é nada pequeno ( eu nunca lá pus os pés, só vi por fora e vi a website deles ) parecer uma casota de cão.
Ontem quando ia apanhar o barco para Hong Kong vi uma coisa que hoje me deu curiosidade de ver melhor.
Como é sabido, um hotel de Las Vegas, não sei se o Mirage se outro, resolveu construir nos terrenos anexos ao casino uma espécie de peregrinação por alguns monumentos e atracções deste mundo, assim, é possivel, ver lá uma torre Eiffel, uma torre de Pizza e andar num canal de Veneza de gondola, com o gondolieri a cantar o " O Sole Mio" etc.
Aqui para nós eu acho isto uma patetice de que só um americano se podia lembrar, no entanto.......
Aqui em Macau eles construíram uma mini-cidade, com ruas e praças de diversas cidades europeias e mundiais. Pode-se ver uma rua a imitar New Orleans, outra Amesterdão, outra construções típicas alemãs, uma aldeia africana ( ou o que os não africanos pensam que seja uma aldeia africana ) etc etc, já está tudo construído mas ainda não aberto ao público, na maior parte só para visita, e confesso, tenho de confessar senão estaria a faltar a verdade que me deu bastante prazer ao ver a reprodução de algumas casas feudais de Évora, Portalegre e não sei mais de aonde.
Será kitsch sim, mas eu gostei, as casas estão reproduzidas à escala 1 por 1 práticamente.
Quando acabar de escrever este mail, vou fazer a minha última tentativa para comer qualquer coisa mais ou menos portuguesa em Macau. Descobri perto do meu hotel ( imagine-se chamar hotel àquela pensão mais que manhosa! ) um restaurante chamado Vela Latina, fui lá ver e os preços eram bastante mais salgados do que os da primeira noite mas como ainda me sobram umas patacas vou experimentar. Falando em patacas, tenho neste momento nos bolsos e na carteira, moedas e notas de 4 proveniências diferentes a saber: Euros, Baths da Tailândia, Patacas de Macau e Dólares de Hong Kong.
Se a minha experiência gastronómica de hoje ao almoço foi coroada de êxito ou se apesar do preço foi outro descalabro como outro dia, de tudo vos darei no mail de hoje à noite já de Banguecoque.

Até lá despeço-me com a cordialidade que me caracteriza.

Henrique

Histórias do reino do Siao - 12

Ora vamos lá falar de coisas sérias, por exemplo do meu almoço de ontem. O "Vela latina" tinha quer por fora quer por dentro muito bom aspecto, mas nós bem sabemos que quem vê caras não vê corações e só se vê se a frutinha está bichosa depois de a abrir.
Mandei vir como entrada uns camarões, diziam eles que eram picantes e com alho. Eu receei que fossem uns camarõezitos pequenotes, descascados e envoltos numa molhanga. É que isto de molhangas tem muito que se lhe diga, de umas eu gosto muito, de outras não gosto mesmo nada. Nada a reclamar, eram 8 bichinhos granjolas bem grelhados, inteiros, com carola e tudo, com umas rodelas de piri-piri e um montão de alho frito quase pulverizado, eram frescos e estavam óptimos.
Como prato principal mandei vir bacalhau com natas. Ora aqui é que a suína torce a cauda. É um pitéu que eu adoro e estava com curiosidade em saber como eles o faziam lá.
Vamos a ver: Tinha bacalhau? Tinha sim senhor! Tinha natas? Tinha sim senhor! Tinha batata? Tinha sim senhor! Era bacalhau com natas? Não meu rico senhor, não era.
Eu passo a explicar, aquilo estava bom e bem confeccionado mas parecia-se tanto com bacalhau com natas como um ovo se assemelha a um espêto.
Vinha servido dentro de um pão grande em forma de bola escavada com o bacalhau, as natas e as batatas lá dentro, fazia um belo efeito, mas evidentemente não podia ir ao forno e para além disso o bacalhau não era seco mas sim fresco.
Nao fiquei decepcionado porque apesar de não ser aquilo que eu estava a pensar se revelou bastante bom.
Para sobremesa mandei vir uns fios de ovos, vinham dentro de umas tartezinhas e deitaditos numa caminha de côco ralado.
Acompanhei isto tudo com 2 cervejas da internacionalmente famosa marca Sagres e fiquei como um paxá.
Tenho a acrescentar que o local era bastante bom e o ambiente, decoração etc também, os empregados, jovens, atenciosos, delicados e falavam inglês com bastante fluência, para além disso, a coparia assim como a prataria e o ferramental eram de boa qualidade e revelavam alguma originalidade.
Isto tudo custou-me a exorbitância de 28 euros ou 75 reais, mas como esta era exactamente a quantidade de patacas que eu ainda tinha e de que me queria livrar já que a pataca não é convertível ( é para o dolar de Hong Kong penso eu, mas eu queria ter uma boa refeição e tive-a ).
O voo com a Airasia correu como o de ida, magnífico e sem problemas e convenhamos que pedir 80 euros ou 200 reais por um vôo que dura no total, ida e volta, 5 horas é de facto muito barato.
Chegado ao aeroporto apanhei um táxi, fresquinho claro, todos os táxis na Tailândia têm ar condicionado e que me levou por uma corrida de quase 40 km, e que para além do que marcava o taxímetro paguei uma importância de taxa de aeroporto e mais duas portagens em dois troços de via rápida, tudo por junto menos de 8 euritos ou 20 reais, isto é mesmo terra de vida barata.
Tinha-vos dito ontem que só vos iria escrever de Krabi, mas afinal de contas como cheguei muito cedo, vim de autocarro num serviço arranjado lá na rua do meu hotel e paguei 2 euros e pouco ou 6 reais. Descobri aqui no aeroporto um café Internet e resolvi contar-vos a história que ontem o miserável do PC me roubou.
Ainda não são 7:00 da manhã e o meu avião para Surat Thani só parte às 9:00, pelo que tenho muito tempo para estar por aqui a escrever-vos enquanto espero pelo check-in.
Os empregados do aeroporto entretanto já me conhecem o nome e tratam-me por tu, em 8 dias é a quarta vez que venho a este aeroporto.
Falando um pouco sobre o aeroporto, é novinho em folha, foi inaugurado há mês e meio, é impecável, muito limpo, enorme, mas de facílima compreensão, dispondo de todas as amenidades de um aeroporto de nível internacional.
A razão porque eu vou voar para Surat Thani é que o vôo, ( outra vez com a Airasia ) me custa sómente 30 euros ou 80 reais e poupa-me uma viagem de combóio de algumas 12 horas.
Um abraço

Henrique

Histórias do reino do Siao - 13

Meus amigos,

aqueles que podem receber fotos puderam agora comparar o texto do almoço com as fotos, espero que tenham gostado sobretudo das duas últimas.
Hoje de manhã acordei ( melhor dizendo acordaram-me ) às 4 da matina para poder apanhar primeiro o autocarro para o aeropôrto e depois o avião para Surat Thani, de lá apanhei um autocarro para Krabi onde me encontro agora. Durante a viagem entretive-me a falar com dois jovens norte-americanos de Baltimore, muito críticos do seu actual presidente e interessados em política, para variar não só americana, mas também europeia e mundial em geral.
A importância de Krabi que em si é uma vilória de uns 20 mil habitantes advém do facto de servir de "placa giratória" para vários destinos queridos dos mochileiros. Como cheguei há pouco tempo ainda não vos posso falar muito sobre Krabi, a ver vamos se há algo para dizer, sei no entanto que como lugar muito frequentado por turistas, tem todas as amenidades que eles precisam, Internet, hotéis, bares, etc
Falando em hotel, quando vou a Lisboa de dois em dois anos costumo ficar normalmente numa tal pensão América, a última vez que lá fiquei em 2003 paguei já mais de 40 euros por dia ou 100 reais e foi por favôr e através de conhecimentos, entretanto sei que foi renovada e os preços devem ter aumentado. Pois só vos digo, este meu quarto aqui em Krabi mete o outro num chinelo, tudo novinho, impecávelmente limpo, um quarto grande, ( aí uns 16 metros/quadrados ) uma casa de banho espaçosa com uns sanitários novinhos a brilhar de asseio, uma cama de casal onde podem dormir à vontade dois adultos e uma criança, ar condicionado.
E quanto me custa este luxo todo? A senhora da recepção comecou por pedir 400 bahts, mas eu sem sequer ter visto o quarto senão não teria discutido provávelmente, ofereci-lhe 350 baths ou sejam 7 euros ou 18 reais e ela aceitou.
Agora vou dar uma voltinha aqui pela cidade, talvez mais logo ou o mais tardar amanhã ouvirão ( ou melhor lerão ) novidades minhas.

Um abraço

Henrique

PS: digam lá, não se nota que a minha disposição melhorou um bom bocado?

Histórias do reino do Siao - 14

KRUNG THEP MAHANAKHON AMON RATTANAKOSIN MAHINTHARA AYUTHAYA MAHADILOK PHOP NOPPHARAT RATCHATHANI BURIROM UDOMRAT CHANIWET MAHASATHAN AMON PIMAN AWATAN SATHIT SAKKATHATTYA WITSNUKAM

Ora bem, este amontoado de palavras sem nexo aparente para nós é apenas o nome completo e oficial da cidade que todos conhecemos pelo menos de nome como: Banguecoque. Não é de admirar por isso que ele figure no Livro Guiness dos Recordes como a cidade com o nome mais comprido.
Se por acaso duvidam, vão à Wikipedia em inglês http://en.wikipedia.org/wiki/Main_Page e escrevam Bangkok, para além de um montão de informações sobre Bangkok, tem lá a possibilidade de ouvir um tailandês ( ou tailandêsa já não me lembro bem! ) a pronunciar o nome todo completo da cidade.
Para quem não sabe a Wikipedia é uma enciclopédia online que existe em várias linguas, em português também, já agora aqui vai o link http://pt.wikipedia.org/wiki/Página_principal
Uma coisa que tenho vindo a notar e que se foi confirmando a cada dia, quem tiver outra opinião que diga por favor, é a diferente maneira de socializar assim como as diferenças no conceito de acolhedor entre um ocidental e um asiático.
Claro que isto daria pano para mangas e material para um compêndio de mil páginas, mas havia algumas coisas que eu queria aqui notar, o asiático socializa, convive imenso a comer, mas a ideia ocidental de se encontrar com um amigo ou uma amiga, para beber um chá, um café, uma cerveja e simplesmente conversar parece ser qualquer coisa que lhes é alheia. A ideia de se encontrarem num local parece ser só para cumprir a função vital ou seja matar a fome, eu vi tailandêses, tranquilamente sentados à beira de ruas com um movimento de centenas de carros por minuto, ingerindo as suas refeições, conversando, tagarelando, completamente alheios à barulheira infernal à volta deles, ao cheiro dos escapes etc.
Por outro lado, tambem não vi nenhuma esplanada, há jardins sim, claro, mas ninguém lhe passa pela cabeça pôr lá uma mesinhas e servir uns cafés, uns sumos ( sucos ) ou umas imperiais ( chopp ).
Em Macau que é uma peninsula e lógicamente está rodeada de água na sua maior parte e em Hong-Kong que é um conjunto de várias ilhas não vi um único lugar para onde as pessoas fossem simplesmente para fugir ao barulho dos automóveis e estar num ambiente aprazível a conviver com outras pessoas e olhar para o mar vendo o movimento dos barcos grandes e pequenos.
Em Banguecoque sei de uma esplanada, é um lugar especial fica no telhado de uma torre altíssima e tem de se pagar para entrar e o consumo lá tambem é caro, ou seja é uma coisa especial, fora do comum e dos hábitos do cidadão.
Isto de eu vir de férias sózinho é no que dá, dá-me tempo para contemplar tudo com toda a calma e ripanço e depois quem sofre e leva com elas em cima sao vocês.
Vá lá sejam bonzinhos e continuem a ler-me. Já me esquecia de vos dizer que estou contente e feliz por ter deixado as grandes cidades e esta viagem de autocarro durante 3 horas de Surat Thani até Krabi fez-me bem à alma, apanhei bebedeiras loucas de verde, coqueiros, bananeiras e mais um monte de outras árvores e plantas tropicais, só me falta ver água, mas isso vou ver amanhã, água, areia e solinho até dizer já chega.
Tenham um resto de dia feliz ou se já for muito tarde tenham uma noite feliz na companhia dos vossos maridos, esposas, namorados, namoradas etc etc e para quem não tiver essa companhia, faça de conta como eu faço.

Henrique

Histórias do reino do Siao - 15

Olá meus amigos,

uma coisa eu queria aqui esclarecer. Houve algumas pessoas que não entenderam bem e eu queria deixar esse ponto bem claro. Claro que eu não me aproveitei dos serviços da trabalhadora na horizontal de Macau. Talvez algumas pessoas tenham ficado com dúvidas por eu ter dito no mail que sim, que tinha concordado mas para mais tarde, ora acontece que eu saí de Macau a caminho do aeroporto cerca das 14:00 e "mais tarde" já eu estava em Banguecoque.
Depois deste pequeno esclarecimento, contemos que ontem enquanto estava a mandar um mail, reparei só depois que o estava a fazer de uma agência de viagens, eles têm computadores em todos os lugares, eu entro e às vezes nem noto, às vezes é só café-Internet, às vezes é café-restaurante com utilização de Internet e às vezes como naquele caso era uma agência de viagens com umas mesas com computadores. Eles anunciavam e já que eu ja estava ali perguntei e eles fizeram-me um negócio que se revelou uma pechincha.
Eu passo a contar: o negócio era o seguinte por 250 baths ( 5 euros ou 13 reais ) eles iam-me buscar ao hotel ás onze da manhã numa mini-van com ar condicionado e tal, e levavam-me directamente até Ko Lanta ( a tal ilha para onde eu queria ir ).
Ora acontece que eu sabia que a outra possobilidade seria andar ( quero dizer, pagar a um táxi uns 10 ou 20 bahts ) até ao ancoradouro que fica a 5 kms de Krabi e de lá apanhar um barco que custava 200 baths. Quero eu dizer na minha que "perdi" uns 30 ou 40 baths ( uma ninharia menos de um euro ) mas ganhei a comodidade de me ter levantado nas calmas, ido tomar o pequeno almoço, dar ainda uma voltinha e depois ir até ao meu hotel e esperar calmamente que a carrinha me viesse buscar, o que aconteceu pontualmente à hora combinada.
A viagem fez-se tranquilamente na companhia de mais um casal de suíços, um casal de franceses, dois casais misto inglês-tailandêsa e uma mocita tailandêsa e durou duas horas.
Eu não tenho falado até agora no tempo porque tem estado sempre azul com o sol a bater impiedoso ( que mania este gajo tem dos adjectivos bombásticos ! ) só sendo moderado muitas vezes pela altura dos prédios que o encobrem.
Hoje de manhã a coisa começou a descompôr-se e Ko Lanta recebeu-nos com uma chuvada.
Não deixou de ter uma certa graça eu mais o casal de suíços e o casal de franceses na parte de trás de uma pick-up de caixa aberta a levar com uma chuvinha meio forte em cima, durante os 10 ou 15 minutos que levou a viagem, mas com estas temperaturas, 10 ou 15 minutos depois já estava tudo seco outra vez, e agora quando vos estou aqui a escrever o sol brilha como devia fazer sempre, pelo menos quando eu estou de férias.
Os bungalows que eu queria estavam todos cheios, mas aluguei um outro 40 metros ao lado por 400 baths ( 8 euros ou 20 reais ). É bastante grande com uma cama de casal e outra de pessoa só, uma secretária e uma ventoinha que eu não utilizo, mais uma casa de banho bastante grande e fica a uns cansativos 30 segundos da praia.
Tem tudo um aspecto limpo, mas eu acho um pouco caro, e vou tentar amanhã mudar para aqueles que eu tinha pensado originalmente. Como ainda agora aqui cheguei e o tempo estava um bocado carregado, só dei uma volta pela praia e não tirei fotos, a praia é de boa dimensão, aí uns 3 kms. Esperemos que amanhã o tempo esteja bom para eu ir correr um bocadinho e fazer apetite para o pequeno almoço.
Sei que aqui perto, há umas grutas interessantes e a possibilidade de andar de elefante, são duas coisas que tenho vontade de fazer. Já me informei de alguns preços aqui nesta agência de onde vos estou a escrever agora. Um programa de 4 horas com visita ás grutas, andar uma hora de paquiderme, bebidas à discrição ( deve ser uma coca cola ou coisa parecida ) , mais fruta da época ( deve ser uma rodela de ananás ou isso ) fica por cerca de 25 euros ou 65 reais, parece-me aceitável e acho que vou fazer.
Como vou ficar por aqui mais uns 4 ou 5 dias terei tempo para decidir e da minha decisão vos darei conta com a riqueza de pormenores que tanto vos delicia.
Ate lá despeço-me com amizade

Henrique

Histórias do reino do Siao - 16

Meus amigos,

não leiam este mail, apaguem e leiam só o próximo. Se vocês já não gostam muito de mim e eu for capaz de traduzir por palavras como me sinto e como é o local onde eu acabei de jantar, então a partir de agora vão passar a detestar-me.
Não digam que eu não vos avisei, a partir de agora a responsabilidade é vossa.
Bom, é o local perfeito. Tentem imaginar um bar/restaurante mesmo na praia, mesmo em cima da areia ao pé do mar. Um local onde se pode jantar com os pés em cima da areia ou então subindo uma pequena plataforma, uma espécie de estrado, e tirando os sapatos, se pode comer sentado no chão de madeira coberto de esteiras e em cima de umas almofadas para não magoar o local onde as costas mudam de nome. Como nós estamos semi-deitados/recostados as mesinhas são baixas e tudo tem um ar acolhedor. Eu já disse que haviam umas velinhas em cima da mesa cuja luz ondeava suavamente com a mesma ligeira brisa que fazia as palmeiras abanarem muito devagar? E eu já disse que o local não tinha paredes, era aberto para os quatro lados, podendo-se ver o mar ali ao pé, ou as outras pessoas, ou o bar? E eu já disse que da aparelhagem sonora de boa qualidade vinha uma musiquinha tranquila, nem muito alta nem muito baixa? E que os empregados ( sim, pronto não chateiem, também havia empregadas!!!! Que gente terrível esta!!!! ) eram simpáticos e falavam bem inglês? E eu já disse que bebi dois gin-tónicos e comi uma coisa chamada Pad Hai com ovo e que paguei o horror de 5 euros ou 13 reais?
Para a coisa ficar ainda mais completa, numa mesita ao lado estava um casal norte-americano simpático com quem quase necessáriamente cheguei à fala, as pessoas quase que estão lá para isso, para comunicarem entre si, para trocarem impressões, para se sentirem bem.
Depois daquelas primeiras palavras de circunstância: donde é que tu és? Já tinhas estado na Tailândia antes? Onde é que já estiveste? etc, a moça, perguntou-me se eu já tinha feito uma massagem. Eu disse-lhe que ainda não e ela ( se vocês começaam a desatinar e a fazer os comentários badalhocos do costume nunca mais vos escrevo nada !) insistiu para que eu fizesse, e o marido/namorado disse-me que tinha nos Estados Unidos a licença de massagista profissional e que já tinha feito duas vezes e era muito bom.
Eu expliquei-lhes que tinha algumas dificuldades em sentir pessoas estranhas a tocarem no meu corpinho bem feitinho e de alabastro, mas eles insistiram para que eu me deixasse disso.
Eu prometi-lhes que ia tentar.
Fora de gozos, a massagem tem uma grande tradição na Tailândia e é uma coisa medicinal e séria e que é oferecida em qualquer lugar, em Banguecoque há montes de salões de massagem e através das vidraças pode-se ver que não se trata de nada daquilo que vocês estão a pensar com a vossa mente pervertida. Em Banguecoque, tal como aqui há montes de lugares ao ar livre, aqui mesmo à frente do meu bungalow há dois salões ao ar livre. Eu tenho a certeza que pelo menos 99% dos locais são decentíssimos e só querem mesmo massagar as pessoas. Há diversos tipos de massagem:facial, nos pés, com óleo, eu sei lá que mais.
Para os que conseguirem ver as fotos, tenham em conta que são só fotos, ao vivo foi muito melhor.
Por hoje já vos dei bastante para ler e matutar,

Um abraço

Henrique

Histórias do reino do Siao - 17

Meus amigos,

há uns anos atrás, o governo ( ou o ministério do turismo ) tailandês lançou uma campanha publicitária bem sucedida que dizia: Thailand, the land of smiles ( Tailândia, o país dos sorrisos ). A campanha foi tão bem sucedida que muitos estrangeiros que aqui vivem ou que visitam regularmente a Tailândia lhe chamam simplesmente LOS ( land of smiles ).
Os tailandêses parece terem descoberto a fórmula mágica para resolver todos os problemas, ou seja sorriem.
Um tailandês não sabe comunicar contigo porque ele só fala tailandês e tu não sabes uma palavra nessa lingua? Não há problema! Ele ou ela sorriem-te.
Um tailandês vai tranquilamente na sua motoreta estrada fora e encontra-te, vai daí ele sorri. Tu vais a atravessar a estrada e porque o trânsito é pela esquerda e tu olhaste para o lado "errado" e de repente um carro teve de parar para não te atropelar, o condutor não insulta a tua família até á quinta geração, não, nada disso, ele trava e sorri-te, tu sorris de volta e o mundo está de novo em ordem. O sorriso é no tailandês uma coisa natural, não é o riso, eu falo do sorriso e acreditem-me não é um sorriso amarelo implantado, é mesmo genuíno.
Até agora ainda não vi uma única vez um tailandês a gritar ou sequer a falar alto, isto tem muito que se lhe diga e eu estou um pouco apertado pelo tempo, mas prometo voltar a este assunto porque é importante, noutra altura. Isto do perder a compustura ( foi uma tradução minha do inglês "losing the face") é uma coisa muito importante para tentar compreender um pouco do carácter do tailandês, por isso eu vou retornar a este assunto, podem estar seguros.
Mudando muito de assunto, a senhora aqui do café/agência de viagens, se não fosse tailandesa já me estaria a olhar com olhares assassinos, isto se não fosse tailandêsa, como é tailandêsa diz-me em tailandês que não há problema e óbviamente, sorri. Ela já tinha a loja fechada e veio só abrir por minha causa, por já me conhecer, somos velhos amigos desde ontem.
Hoje de manhã tomei a minha primeira banhoca tailandesa, a água, ou direi melhor aquela sopa quente em que eu tomei banho, clarinha e tranquila, a rebentação é enorme, para aí uns perigosos 3 ou 5 centímetros, é a primeira vez na minha vida onde estou ao pé do mar e o mar não se ouve, o mar não tem ondas, quer dizer tem, mas tão suaves que aquele marzão imenso mais parece um gigantesco lago.
Depois disso e por ser a primeira vez, não quis, nem posso estar muito tempo ao sol, andei por aí passeando e eis senão quando estava eu pézinho aqui pézinho acolá passeando estrada fora, começou a chover e eu tanquilamente como quem não quer a coisa mas quer, fui continuando estrada fora e a chuva foi continuando a cair, não era uma chuvada intensa, mas era um chuvisco que ia caindo com alguma intensidade, e a coisa foi prosseguindo e eu fui notando que práticamente não me molhava, a estrada estava molhada, eu tinha alguns pingos na roupa, mas não estava encharcado até aos ossos, isto ao fim de uma hora ou isso.
Passado algum tempo, talvez hora e meia a chuva parou e cinco minutos depois eu estava completamente seco como senão tivesse estado o tempo todo debaixo de chuva.
Ao jantar resolvi meter-me em despesas e comer um peixinho fresco que se estava a rir para mim e que foi grelhado e acolitado de salada e arroz à parte e me custou a exorbitância de 4 euros ou 10 reais, excluindo as bebidas.
Depois de jantar pus-me à conversa com um casal de alemães e um casal de suíços e só interrompi a boa conversa e boa bebida para vos vir aqui dar novas e mandadas, eu sacrifico-me tanto por vocês e vocês pobres e mal agradecidos tratam-me tão mal.
Bom, antes que a senhora perca definitivamente a compustura, estou a brincar, ela foi-se embora e deixou-me aqui sózinho mas não quero abusar, por isso vou-me despedir.
Abraços e amanhã há mais.

Henrique

Histórias do reino do Siao - 18

Hoje vou ser mais disciplinado e não deixar o mailzito ( mailzão !) da ordem para tão tarde.
São agora 14:30 e já me fartei de "trabalhar".
Depois de escrever o mail de ontem fui-me reunir aos dois casais com quem estava antes, mas cerca da meia-noite verifiquei que eles ainda estavam ali para lavar e durar, e entrar com força nos alcoóis, por isso resolvi despedir-me e ir para a caminha como fazem os meninos bonitos como eu sou.
Como dizem que deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer e como eu ainda sou jovem, espero crescer mais uns 2 ou 3 centímetros. Hoje de manhã, cerca das 7 da manhã levantei-me e fui correr um bocadinho para criar apetite para o almoço. A temperatura nem sequer estava muito alta, pouco devia passar dos 20 graus, mas como a humidade atmosférica é enorme, ao fim da minha horinha, eu escorria por tudo quanto era póro.
Fui tomar o meu duche e o pequeno-almoço.
Pouco depois vieram buscar-me para ir fazer o tal passeio de elefante e ás grutas.
Foi interessante e muito trabalhoso. A coisa foi dividida da seguinte maneira, primeiro uns 20 minutos em cima do elefante, o orelhudo ia andando pacientemente, mas de cada vez que ele dá um passo tu tens de te agarrar bem senão vens parar cá abaixo e um elefante não é alto pra burro, é alto pra elefante, mas de qualquer das maneiras é interessante andar, assim como ver a maneira afectuosa como os mahouts ( os condutores de elefantes ) tratam os animais.
Seguidamente, uma boa meia hora a pé por dentro da selva, atravessar várias vezes um riacho, trepar montinhos e vales e finalmente chegámos ás grutas, que sao interessantes mas já vi melhor, a parte mais mázinha é que em montes de lugares, tinha tunéis baixinhos em que só se podia passar rastejando, aquilo é feito para tailandêses e para portuguêses não muito grandinhos, uma alemão gordo de 1,80 não tem a mínima hipótese, fiquei todo enlameado dos pés a cabeça, o chão da gruta está permanentemente húmido porque o sol nunca lá entra.
Em seguida voltámos pelo caminho inverso, (quando eu digo voltámos falo de mim e do guia ), mais meia hora de caminhada pela selva e mais uns 20 minutos de elefante ( para vocês não pensarem que é mentira, logo à noite tento mandar-vos uma foto comigo escarranchado no orelhas de abano ).
De volta ao bungalow, foi só tirar as roupas e sapatilhas enlameadas, fazer o penoso minuto que me separa da água e ir tomar uma valente banhoca na aguinha morna enquanto penso em vocês infelizes, sobretudos os que estão em Portugal, na Alemanha e na Suíça, com os vossos dias tristes, frios e cinzentos.
Eu ontem aflorei o tema do perder a compustura, e de como isso é importante para um tailandês. Eu sei um pouco disso através de ler o que alguns estrangeiros que aqui vivem há alguns anos dizem sobre o assunto, no entanto o tema é muito mais vasto que aquilo que eu sei.
Perder a compustura é por exemplo gritar, se alguma coisa nao funciona aqui, a pior coisa que uma pessoa pode fazer é irritar-se e comecar a gritar e a gesticular furiosamente, o mais natural é que o tailandês lhe vire as costas e passe a desprezá-lo profundamente. Quando qualquer coisa corre mal, a melhor solução é manter a calma, mesmo que interiormente se esteja um pouco chateado e tentar um sorriso, as coisas melhoram logo de certeza. Por exemplo, uma pessoa pede uma coisa para comer e o empregado traz uma comida errada ou a comida pedida nunca mais chega ( dois exemplos que nunca me aconteceram mas que podem acontecer ) nada de barafustar ou gritar, garanto-vos que o empregado simplesmente vos vira as costas e vocês nunca mais conseguem merecer respeito e consideração naquele local.
Chegar a um hotel e alguém perdeu a reserva que tínhamos feito? ( tambem não me aconteceu, mas pode acontecer ), nada de barafustar, ficar tranquilo, esboçar um sorriso e rápidamente se vai arranjar uma solução, se comecarem a barafustar o mais certo é nessa noite ficarem a dormir na rua senão encontrarem outro hotel que vos albergue.
Mas há mais exemplos e estes dizem mais respeito ás relacoes entre tailandêses.
Um funcionário descobre uma maneira mais racional e prática de fazer qualquer coisa do que aquela sugerida pelo chefe, mas nem por sombras lhe passa pela cabeça dizer isso, isso significaria um perde face para o chefe e seria uma coisa terrível. Para um tailandês é importantíssimo nas suas relações com os outros, não só que ele nunca perca a face, a compustura, mas também é importante que não faça o seu interlocutor perder a face.
E agora que espero já vos ter dado algo para pensar logo de manh ao abrir o PC ou à noite ao chegarem a casa, despeço-me não até amanhã mas espero que até daqui a bocado, agora tenho uns assuntos importantes a tratar, tenho de ir comprar 6 selos, tenho de escrever 3 postais, enfim, coisas assim, importantes e inadiáveis.
Mais logo recebem umas palavrinhas minhas e os felizardos que recebem fotos, recebem mais umas fotinhas.
Ate lá desejo-vos um Novembro o mais quentinho possível.

Abraços

Henrique

Histórias do reino do Siao - 19

Meus amigos,

eu gostaria aqui de falar um pouco sobre a mulher tailandêsa. Calma, calma, eu sei que a maior parte dos meus leitores masculinos são uma cambada de devassos e tarados sexuais ( não, tu não, eu estou a referir-me aos outros! ) e por isso a esta hora devem estar todos de olhos esbulhagados e com a saliva a escorrer pelos cantos da boca e a balbuciarem: ora até que enfim que ele fala de qualquer coisa verdadeiramente interessante!!!
Mas desiludam-se, podem-se acalmar, eu queria apenas referir-me á situação da mulher tailandêsa na sociedade.
Isto que eu vou referir é apenas fruto das minhas observações diárias e sem fundamento em qualquer leitura prévia, por isso pode ser um tremendo disparate, mas eu arrisco.
Tanto quanto me é dado observar a mulher tailandêsa é bastante emancipada, não é um ser submisso atrás do marido.
Parecem ser bastante independentes, conduzem carros e motoretas com desenvoltura, e mesmo muito novinhas estão à frente de negócios vários, como funcionárias e como chefes ( em agências de viagens, cafés Internet etc )
Mesmo em negócios familiares, a mulher desempenha um papel em que o marido não é o único a tomar decisões mas consulta a mulher, já vi várias vezes em questões como conceder um desconto, eles falarem um com o outro antes de ser tomada a decisão final e coisas semelhantes.
Mudando de assunto, eu hoje de manhã resolvi-me a alugar uma motoreta e ir dar uma voltinha pela ilha.
Queria aqui fazer um parentesis, julgo ainda não ter dito que Ko Lanta tem cerca de 27 Km de comprimento e 6 Km de largura, se se derem ao trabalho de escrever no Google: ko lanta map
irão descobrir vários mapas da ilha e com sorte um bom com as estradas e os bungalows. O meu conjunto de bungalows chama-se: Lanta Nice Beach Resort e podem dar uma olhadela no seguinte link: http://krabidir.com/lantanicebeach/index.htm
Mas vamos lá prosseguir com a história da motorêta. Quando eu tinha os meus 18 anos possuí por uns dois dias uma moto velhíssima toda ferrugenta, acho que cheguei a andar com ela uns 2 ou 3 Kms ( sem carta claro ), depois emprestei-a a um conhecido que teve um acidente e a espatifou toda.
Desde essa altura tenho conduzido de anos a anos motoretas automáticas só de acelerar, pelo que sou um condutor exímio, do género: arreda que lá vem o Henrique.
A última vez que me sentei em semelhante veículo foi na India, em Goa em 2002 penso eu.
Depois de todos estes preliminares e rodeios lá me sentei no veículo e a coisa foi andando, muito devagar, a uns 30 ou 40 Kms por hora lá foi este artista pela estrada fora.
A parte de estrada que é asfaltada faz-se bem, há pouco trânsito e eu lá me fui desenvencilhando, o pior é que ao fim de uns quilómetros a estrada asfaltada acabou e comecei a andar por um caminho empoeirado cheio de buracos, muito maltratado pelas chuvas e intempéries. Tinha eu andado aí um quilómetro a estrada comecou a subir, a motoreta atravessou-se, parou e depois caíu para cima de mim. Eu não estava nada assustado e até estava a achar a situação engracada, afinal de contas temos de ver que eu estava parado, mas o cómico da situação não acabou aí, uma peça qualquer prendeu-se no meu ténis e eu não conseguia empurrar a moto ( por ser para cima! ), por isso para ali fiquei de costas no chão com a motoreta por cima de mim durante uns 3 minutos até que finalmente passou um tailandês que parou assustadíssimo e ficou atónito ao ver que eu estava a rir e só lhe pedi para tirar a motoreta de cima de mim, assim que ele o fez eu levantei-me completamente ileso, sem uma beliscadura ou arranhadela sequer.
Claro que já não tentei prosseguir por aquela subida, voltei para trás até à estrada asfaltada e continuei a minha passeata tranquilamente.
Foi uma boa experiência sentir o vento fresquinho na cara e poder ver diversas partes da ilha. A vegetação é claro, desnecessário se torna dizer, luxuriante com todo o tipo de plantas tropicais.
Pelo caminho parei num miradouro e fui beber um coquinho que tinha imenso líquido e estava uma delícia.
Eu já disse alguma vez que gostava mais de água de coco frêsca do que o macaco gosta de banana?
Depois de ter entregue a motoreta fiz as trivialidades do costume, fui buscar roupa à lavandaria, (fica a um minuto a pé do meu bungalow ), fui tomar uma banhoca e fui marcar uma hora para fazer uma massagem.
Eu decidi-me pela massagem tailandêsa, dura cerca de uma hora e a moça torceu-me e apertou-me os músculos todos, onde será que uma coisa tão pequenina vai buscar tanta força nos dêdos? E quando os dêdos não chegam usa os cotovelos e os joelhos etc.
Torceu-me, apertou-me, virou-me todo do avêsso.
Foi uma experiência que eu não gostaria de ter de fazer todos os dias, mas que de vez em quando concordo que é agradável e relaxante.
Jantei com os o casal de suícos e com o casal de alemães com quem tenho acamaradado nas últimas 3 noites e hoje depois de eu escrever este mail, vai a tropa fandanga toda sair do nosso bar do costume para ir para outro a uns 10 minutos a pé daqui.
Há lá uma festa de rastas ( é aquele pessoal assim com o cabelo à Bob Marley ) e nós estamos com curiosidade em ver rastas tailandêses, vai haver muito reggae, algum alcool tambem seguramente, é capaz de ser engraçado.
Algumas pessoas têm-me perguntado se eu não me sinto só, se não sinto a falta de uma mulher. Devo dizer que me faz tanta falta como uma borbulha no meio do nariz ou uma dor de dentes.
Sobre a festa amanhã vos conto.

Henrique

Histórias do reino do Siao - 20

Meus amigos,

imaginem a seguinte situação, ou melhor dizendo nem precisam de imaginar, a palavra exacta é recordem-se, porque esta situação já vos aconteceu várias vezes na vossa vida qualquer que seja a idade que tenham e o país em que vivem.
Vocês estão a pagar qualquer coisa em notas ou moedas, não importa aonde, no café, no supermercado, dentro ou fora de casa é indiferente. De repente, uma nota ou pior ainda uma moeda caem ao chão, para que a nota não fuja com o vento ou a moeda não comece a rolar, vocês num gesto instintivo poem-lhe um pé em cima, depois debruçam-se e apanham-na certo?
Muita calma com esses instintos na Tailândia, as pessoas à vossa volta vão ficar muito chateadas com vocês de certeza e caso nas imediações esteja um polícia que veja, essa vossa atitude pode acarretar-vos uma penalidade que pode até nalguns casos dar prisão.
Mas porquê, estarão vocês pensando agora, que fiz eu de mal? O gesto em si não teria evidentemente nada de mal se nas notas e moedas não estivesse a efígie do rei da Tailândia.
Alguns de vós hão-de estar neste momento a pensar: e que tem isso de especial? A rainha e toda a a familia real britânica por exemplo é todos os dias gozada, caricaturada, perseguida, achincalhada até por vezes e ninguém vai parar á prisão por isso.
Mas o que se passa é que Sua Majestade Bhumibol Adulydej não é apenas um rei como os outros, reis e rainhas há muitos, mas um semi-deus como o rei da Tailândia não existe em mais lado nenhum.
Isto leva-nos de volta ao princípio da historia, ao pisarem a moeda ou a nota de banco vocês estiveram a usar a sola do pé ou seja a parte mais impura do vosso corpo ( segundo a religiao budista ) para tratarem o rei, ou seja isso é práticamente imperdoável.
Mas eu vou-vos dar outros exemplos do estado de semi-endeusamento de Sua Majestade que já não é criança nenhuma e comemora este ano o sexagésimo aniversário da sua coroação.
Todos conhecemos aqueles grandes painéis com que na cidade ou ao longo das estradas se anuncia toda a sorte de produtos desde o novo modelo de um carro, pasta dentrífica, detergente etc.
Aqui na Tailândia tambem há claro, mas os trabalhadores que colam esses cartazes tem de ter muito cuidado, assim que passa a comitiva real eles tem de descer rápidamente e virem para o chão para não estarem numa posição mais elevada que o rei. Aliás toda a gente não importa se homem ou mulher, novo ou velho, rico ou pobre, general ou soldado se põe automáticamente de joelhos na presença do rei.
A Tailândia é uma democracia constituicional e como tal o rei não se imiscui nas tarefas governativas, mas ás vezes dá uma ajudinha.
Em 1991 houve eleições aqui na Tailândia e dois partidos e com eles os respectivos candidatos ficaram quase empatados. Como nenhum deles queria dar o barco a torcer, quem fazia coligação com quem etc etc, a coisa ia-se complicando e o tempo passando e não havia governo.
Ao fim de um tempo ( penso que uns dois ou três meses ) o rei chateou-se e ao vivo perante as camaras da televisão para toda a nação ver, deu aos dois galos da India ( óbviamente de joelhos ) uma tremenda reprimenda e emitiu o desejo de que acabassem com aquelas questiúnculas e formassem finalmente um governo.
E a coisa funcionou evidentemente, a ninguém passaria pela cabeca desobedecer ao rei, dois ou três dias depois havia um governo formado.
Desde 1930 já ocorreram na Tailândia cerca de 30 golpes de estado, por uma ou outra razão os militares aborrecem-se com o governo e fazem um golpe de estado.
No dia 19 de Setembro passado, aconteceu o último e todos decorrem da mesma maneira, quase nunca há mortos e feridos e são muito rápidos.
O modelo é o seguinte: os militares fazem o golpe de estado e depois toda a gente aguarda. Os militares aguardam, o governo deposto aguarda e o povo também aguarda.
Mas aguarda o quê perguntarão vocês na vossa ingenuidade juvenil? Toda a gente aguarda o que diz Sua Majestade. Se o rei no dia seguinte vai à televisao e diz que concorda com o golpe de estado então ele foi bem sucedido e o governo anterior pode tirar o cavalinho da chuva, se o rei não concordar, os militares voltam aos quartéis e tudo fica como dantes.
Alto aí, estarão voces a pensar então na Tailândia agora há uma ditadura militar? Nada disso há apenas um governo militar de transição até haver eleições que penso que já estão marcadas, para os tailandêses tornarem a ter um governo civil e eleito.
Mas não pensem que esta adoração e veneração do rei é algo autoritário ou imposto, não, de maneira nenhuma, é perfeitamente genuíno, as pessoas todas sem excepção adoram o rei. Ainda me recordo de um mocinho nas informações do aeroporto, quando ele me disse ao falar do rei com o respeito e a veneração que são normais em qualquer tailandês: ele é como um pai para nós!
Quanto aos militares, enquanto estive em Banguecoque vi 3, dois lambuzavam um gelado pela rua fora e um outro namorava num banco de jardim.
As coisas absolutamente imprescindíveis para a vossa vida que vocês aprendem através de mim! Que seria de vocês se não fosse eu com esta lanterna da minha imensa cultura geral a iluminar as trevas da vossa ignorância ? Pensem nisto hoje à noite antes de adormecerem.

Henrique

Histórias do reino do Siao - 21

Minha gente,

o meu jantar de ontem constou de 2 chocos, cada um de sua maneira. Eu não sei se os meus amigos no Brasil sabem o que é um chôco. Bem um chôco e um animalúnculo escorregadio em forma de um saco com 8 perninhas na boca do saco e é bastante parecido com uma lula. Atenção eu disse: uma lula!
Um foi comido grelhado e o outro com uma molhanga de vegetais e leite de coco, acolitado com arroz branco.
Lá pelas 11 da noite, toda a comitiva, ou seja eu, um casal de suíços, um casal de alemães e mais duas mocitas alemãs que nos últimos dias também têm feito parte do grupo, lá meteu pés ao caminho e percorreu os dez minutos a pé até à tal festa de rastas.
A tal festarola estava no auge, a música ouvia-se em altos berros, alguns dançavam, todos bebiam e muito, e todo o pessoal se divertia de uma maneira relaxada sem qualquer espécie de violência, estariam umas 30 pessoas na altura em que nós chegámos, aquilo é um espaco pequenino, um pequeno bar de praia que ontem eles esvaziaram de mesas e cadeiras para o pessoal se poder movimentar mais á vontade.
Os meus companheiros que já iam quentinhos do nosso bar, começaram também a entrar violentamente nos alcoóis, eu bebi o meu gin-tónicozito da ordem e encostei à doca, e aquelas alminhas vá de beber e misturar, mai-tais com tequilhas e sei lá mais o quê.
Cerca da uma hora, despedi-me de todos e vim dormir.
Num livro chamado " A morgadinha dos canaviais" o escritor português do sec XIX, Julio Dinis, fala num tal peralvilho de Lisboa chamado Henrique de Souzelas e diz dele que como qualquer elegante de Lisboa nada havia que mais o horrorizasse que o ridículo.
Eu que não me chamo de Souzelas mas só Henrique, sempre achei um bocado ridículo, velhotes de 50 anos e mais a passearem as barrigas e carecas pelas pistas das discotecas a armarem ao jovem e jurei quando era jovem que quando chegasse a essa idade não iria fazer essas figuras ridículas e para além disso confessemos que para dançar tenho 3 pés esquerdos. Mas essa questão do ridículo só me atinge a mim, todos os meus companheiros têm idades que oscilam entre os 20 e os 30 anos.
O suíço foi o último a sair do tal bar e já eram 6 da manhã. Hoje de manhã eu levantei-me, fui dar a minha corridinha, tomar uma banhoca e depois fui tomar o pequeno-almoço e em seguida estirar-me ao solinho na areia como um lagarto.
Pouco a pouco, entre as 11 e o meio-dia, eles lá foram saindo dos buracos, com os olhos a piscarem, com uma ressaca monstra.
Como já disse, de manhã estive na praia e de tarde estive a organizar algumas coisas referentes á minha partida amanhã para Ko Phangan. Levantar dinheiro, ir buscar roupa que tinha a lavar etc etc.
E agora são 19:10 e vou à janta que se faz tarde.
Amanhã só devem receber para vosso alívio um mailzito meu de Krabi enquanto aguardo transporte que me leve até Ko Phangan.

Henrique

Histórias do reino do Siao - 22

Meus amigos,

ontem à noite houve despedidas emotivas daqueles meus amigos de infância que eu conheci há 4 ou 5 dias atrás. Houve abracos, beijinhos e desejos mútuos de continuação de boas férias.
O casal de suíços vai ficar por cá pelo menos uns 3 meses e possívelmente vão prolongar, as duas mocas alemãs dao tratos à cabeça como é que hão-de montar um negociozeco qualquer que lhes permita não enriquecer, mas aguentarem-se à tona de água com pouco trabalho e o casal de alemães vai-se embora para a Alemanha um dia depois de mim.
Hoje de manhã, uma mini-van ( com ar condicionado claro! ) trouxe-me até Krabi onde estou agora a fazer horas para apanhar um autocarro ou mini-van não sei bem, que me levará até ao barco que seguirá até Ko Phangan, a segunda ilha desta minha viagem.
É possível que esteja a fazer asneira, toda a gente diz que a monção ainda não acabou e que chove em Ko Phangan, mas eu que sou teimoso como um jerico, já tinha essa fisgada desde a Alemanha e ninguém me convence. Pode acontecer que passe os próximos 3 dias dentro do bungalow devido à chuva, eu depois vos digo.
Comprei aqui há pouco numa agência o bilhete e vou chegar a Ko Phangan cerca das 7:00 da manhã, o que vai dizer que vou chegar um bocado estafado, mas por outro lado tem duas vantagens, poupo a dormida e chego logo de manhãzinha à ilha.
De lá vos vou escrever da próxima vez, contando todos os pormenores da viagem etc.

Henrique

Histórias do reino do Siao - 23

Depois de uma viagem um bocado atribulada, lá cheguei aqui a Ko Phangan.
Mas comecemos pelo principio, a viagem até Surat Thani ( para apanhar o ferry boat ) decorreu sem problemas num autocarro climatizado. No mesmo autocarro vinham duas moças ( pouco mais de 20 anos! ) brasileiras. Claro que eu meti logo conversa com elas e elas também ficaram contentes por poderem falar com um português. Elas vivem as duas na Austrália e estão a viajar por aqui de mochila ás costas também. Em Surat Thani desceram para apanhar outro autocarro para Banguecoque.
Uma coisa que me surpreendeu foi elas terem dito que tinham encontrado no Bali um montão de oficiais, sargentos e praças do contingente que está em Timor Leste.
Será que sou eu que estou a ser mauzinho? Mas não será que os nossos soldados estão em Timor Leste para assegurarem a paz e ajudarem a consolidar a frágil democracia timorense? Ou eles estão naquela região do globo a gastarem o dinheiro do contribuinte passando férias no Bali?
Talvez esteja enganado! Talvez eu esteja a ver mal o filme.
Chegámos a Surat Thani e o ferry boat que eu imaginava ser uma coisa moderna e confortável, era uma caranguejola, um monte de tábuas com motor.
Imaginem a coisa, na parte de baixo ( não era no porão, era mesmo na parte de baixo, traziam eles carga para a ilha, e a parte de cima estava transformada num autêntico dormitório gigante com dezenas de colchões uns ao lado dos outros.
Felizmente éramos só umas 12 pessoas a bordo, por isso tínhamos todos muito espaço e podíamos dormir muito afastados uns dos outros.
O ferry partiu cerca das 11 da noite e ao principio a coisa correu muito bem. Cerca das 3 da manhã acordei com aquilo a sacudir por todos os lados e não parou até chegarmos a Ko Phangan cerca das 6 da manhã.
Não enjoei, mas já fiz viagens mais confortáveis.
Mal tinha desembarcado desabou uma carga de chuva, agora felizmente desanuviou e está quase sol a toda a volta.
Ainda não vos posso dizer muito aqui sobre a praia onde estou, mas entretanto podem dar uma vista de olhos à home page deles que é bastante completa com muitas fotos.
http://www.royalorchidresort.com/
Como o tempo não está muito seguro e está aqui pouca gente eu consegui um quarto ainda mais barato do que lá diz, pago só 200 bahts ou 4 euros ou 10 ou 11 reais, nada mau.
Mais logo talvez escreva mais qualquer coisa ou pelo menos mande umas fotos.

Henrique

Histórias do reino do Siao - 24

Aqui vão mais algumas informações sem as quais vocês não podem viver.
Até parece mal eu estar aqui há tanto tempo e não ter falado nos monges budistas. Como é sabido a maior parte dos habitantes da Tailândia professa o budismo como religião, nas 3 provincias do sul que fazem fronteira com a Malásia há uma representação muito forte de seguidores da religião muçulmana o que provoca alguns problemas ao governo central. Para variar eles põem bombas e fazem os distúrbios do costume. Mas não divaguemos, continuando a falar dos monges, em Banguecoque vêem-se bastantes, usam todos um penteado à Kojak ou Yul Bryner ou Rosa Coutinho e andam envoltos numa túnica cor de laranja ou açafrão ( e alguns outros usam uma túnica grenat, nao sei porquê, também não posso saber tudo! ). São muito respeitados e venerados, tem lugares especiais para eles nos transportes públicos,e já vi ás vezes na rua pessoas ajoelharem-se para lhes pedirem uma espécie de benção que eles concedem fazendo um gesto displicente assim como quem diz: Vai-com-Deus-mas-vai!
Como não trabalham, vivem do que as pessoas lhe dão e não sendo ricos não se pense que são pobrezinhos. E não se pense que os monges só vivem para as coisas espirituais, nada disso, os monges são todos modernaços, usam telemóvel ( celular ), fumam na rua, andam de avião, frequentam centros comerciais, usam PC's tranportáveis, máquinas fotográficas digitais etc.
Quando as pessoas lhes pedem para tirar uma fotografia junto com eles acedem de bom grado, só que uma mulher não deve de maneira nenhuma tocar num monge, haja o que houver, quando as mulheres aqui lhes dão comida, põem numa tijela de onde eles depois comem, mas não recebem directamente das mãos da mulher, pelo que eles têm muito cuidado quando são fotografados com mulheres de não se deixarem tocar. Quando, por um acidente qualquer sucede serem tocados por uma mulher os monges têm de passar por um ritual de purificação complicadíssimo.
Mudando de assunto, hoje de manhã tomei o pequeno-almoço e uma decisão, falando verdade a decisão foi amadurecendo ontem durante o dia todo e hoje de manhã foi só dar o empurrãozinho final, ou seja eu resolvi-me a mudar de lugar, continuei na mesma ilha Ko Phangan, mas mudei de praia, de bungalow etc.
O sítio onde eu estava até era bonitinho, aqueles que viram as fotos ou visitaram a home page que eu tive a boa ideia de mandar, puderam ver que a acomodação até era jeitosa e barata, mas, como não há bela sem senão e estamos na estação baixa, os 4 ou 5 resorts que há por lá, estavam muito pouco lotados, pelo que durante o dia e sobretudo à noite havia tanto movimento como num cemitério durante a noite e tanta animação como numa casa mortuária. Só para dar um exemplo: ontem jantei sózinho. Sózinho não! Numa outra mesa os empregados/filhos da dona para não se aborrecerem jogavam ás cartas e viam uma serie tailandêsa qualquer na TV. Enfim, eu gosto de sossêgo, mas gosto de ver outros seres humanos à minha volta e se fôr possível chegar à fala com eles.
De maneira que hoje de manha pus-me a caminho do sudeste da ilha onde eu sabia que havia mais animação
Como estou muito gastador resolvi-me abrir os cordões á bôlsa e gastar uma enormidade que eu tinha prometido a mim mesmo que não ia gastar nesta viagem numa dormida, mas enfim. Por 500 baths ou 10 euros ou 27 reais estou num resort um pouco mais luxuoso que até tem piscina e tudo, o quarto é maior e mais sólido e tem bastante mais gente, não só no resort em si como no lugarejo que fica a uns 10 minutos a pé.
Ainda nao decidi se vou ficar o tempo todo aqui ou se ainda faço uma uma paragem entre aqui e Banguecoque. Já me estive a informar e os preços sao muito convenientes. Partindo daqui custa-me a coisa incluindo ferry até terra firme mais um autocarro climatizado até Banguecoque 1.100 baths ou 22 euros ou 60 reais, considerando que é uma viagem que dura cerca de 12 horas não se pode dizer que seja caro.
E como por agora já foram informações que cheguem, despeço-me.

Henrique

Historias do reino do Siao - 25

Hoje ao almoço resolvi-me a comer uma salada. Eles tinham várias à escolha e eu decidi-me pela de frutos do mar. A coisa consistiu num tomate decorado sobre uma jardineira de cenoura e várias couves, mais umas folhas de alface, mais umas rodelas de tomate, alguns pedaços de lula e umas 10 ou 12 gambas de bom tamanho e uma colher de maionese por cima do tomate.
Tinha muito bom aspecto, soube muito bem e custou-me imaginem lá: 80 baths ou 1,60 euros ou 4 reais.
Há cerca de 20 anos, já ninguem sabe a propósito de quê, diz-se que para comemorar os anos de alguém mas não há a certeza, um grupo de jovens resolveu organizar uma festa na praia numa noite de lua cheia. A coisa teve tanto sucesso que os organizadores resolveram repetir no mês seguinte. Entretanto essas Festas da Lua Cheia ( Full Moon Party ) adquiriram um estatuto de culto e todos os mêses milhares de jovens ( na época baixa cerca de 15.000, na época alta chegam a ser 30.000 ) peregrinam para Ko Phangan, mais própriamente para a praia de Haad Rin ( leste ) para ouvirem música até ás tantas da manhã, beberem desalmadamente e ingerirem e fumarem uma série de produtos que estão proibidos pela legislação de quase todos os países.
O meu resort fica situado em Haad Rin ( oeste ) a cerca de 600 metros da outra praia do outro lado de uma península que a ilha faz aqui.
Eu nunca tive a mínima intenção de participar numa festa dessas.
O tipo de música que lá tocam, Transe, Psicadélica, Hip-Hop etc não é definitavamente o da minha geração e eu nem sequer ouço quase, música da minha geracao.
No entanto, hoje vai haver numa outra praia aqui perto uma Festa da Lua Negra ou Festa da Lua Nova ( Black Moon Party ) e eu estou com curiosidade em ver. Essa curiosidade não é tão grande que me leve a ir lá sózinho, mas hoje de manhã ao pequeno-almoço estive a trabalhar um francês para ele me acompanhar. É um parisiense tranquilo e não me parece que se vá meter naquelas loucuras. Para além disso tem a vantagem de dividirmos as despesas do táxi à ida e à volta e de não ter que fazer o caminho de volta sózinho ( ou acompanhado por vários jovens em estado de debilidade mental ).
Tinha pensado em fazer ainda uma paragem a meia distância entre aqui e Banguecoque, mas esses pensamentos desvaneceram-se definitivamente ao comprar hoje de manhã o tal bilhete de que tinha falado ontem.
Vou deixar passar o tempo tranquilamente até dia 23 de manhã, fazendo umas passeatas pela praia, tomando uns banhos de sol e também de água na piscina e lamentando pelos cantos que coisas destas só daqui a muito, muito tempo, se é que o destino me permitirá que mais alguma vez aconteçam.
Mas entretanto vou aproveitando todos os minutos e tentando guardar na minha memória todo o tempo maravilhoso que aqui tenho estado a passar.
Hoje enquanto estava na piscina comecei a pensar, ora pensar é como todos sabemos uma coisa perigosa, imaginem que comecei a comparar o turismo da Tailândia com o turismo em Portugal, foi uma péssima ideia que eu tive, são coisas que só acontecem quando se está na piscina e se apanha muito sol na moleirinha, eu prometo não repetir.
Antes de terminar queria ainda dizer mais uma coisa, ao principio muita gente me escrevia e eu perdia um tempão enorme a dar resposta a todos, nos últimos dias têm rareado os emails e já fico todo feliz quando tenho um mailzito ou outro. Que se passa? Acabou-se-vos o fôlego? Já ninguém me lê? Não se acanhem, aproveitem enquanto eu aqui estou para me fazerem toda a série de perguntas, sugestões, críticas etc.

Henrique

Histórias do reino do Siao - 26

Já devia ter escrito há mais tempo, mas também não admira, eu escrevo tão pouco e sou tão sucinto que se me escapam algumas coisas.
Quem se der ao trabalho de olhar para o mapa da Tailândia ( e agora com estas novas tecnologias é a coisa mais fácil deste mundo, em 3 minutos vai-se ao Google e pronto! ) vai verificar que com um pouco de imaginação a silhueta do mapa se assemelha a um elefante com a sua tromba ( sua dele do proboscídeo, não estamos aqui para ofender ninguém ) as ilhas que como Ko Lanta estão do lado esquerdo da tromba, foram as atingidas pelo tsunami de 2004 e as outras como esta de Ko Phangan que fica do lado direito não sofreram nada evidentemente.
A ilha de Ko Phangan tem cerca de 168 km2 ( imaginem um quadrado de 13 km de lado mais ou menos ), para além da industria turística que é a maior da ilha, esta ilha assim como a vizinha de Ko Samui que é um pouco maior e até já tem um aeroporto e tudo, produzem em conjunto 1 milhão de côcos por mês.
Falando em côcos, eu deixo aqui sem comentários que na Tailândia todos os anos morrem mais de 100 pessoas porque lhes caiu um côco na cabeça.
O site do resort onde eu estou é o seguinte: http://www.coralhaadrin.com/ , merece a pena dar uma olhada, está muito completo, tem montes de fotos e é muito informativo, exige claro, umas luzes de inglês.
Quanto à Black Moon Party, ( Festa da Lua Negra ou Festa da Lua Nova ) cerca das 23:00 comecou o "warm up", o aquecimento aqui no resort, onde funciona o restaurante foi transformado em discoteca, ao som de música techno, música tanto do agrado da minha geração, (eu lembro-me da minha mãe me embalar ao som de música techno, está-me portanto, por assim dizer na massa do sangue ) os súbditos de Sua Majestade britânica que constituem a maior parte da clientela do resort, comecaram a ingerir cervejola atrás de cervejola, mais uns baldinhos ( buckets ) cheios de whisky com coca cola ou wodka com coca cola ou whisky com Red Bull ou outras variações similares.
Eu tinha bebido uma cerveja ao jantar e por aí me fiquei, resolvi-me a não tocar em mais uma gota de alcool para poder assistir ao espectáculo com a cabeça clara.
As meninas usavam quase todas umas coisas que se fossem três vezes mais compridas teriam o nome de saia e os meninos com ar de simpatizantes do Chelsea ou Arsenal ou Manchester United portavam-se como é costume os ingleses comportarem-se em situacoes semelhantes, diga-se no entanto que sem a menor sombra de violência e que o pessoal estava todo bem disposto, tirando um pateta de 51 anos e cabelo já quase todo branco que estava ali a fazer tanta falta como um elefante numa loja de porcelana da China e que sentadinho a um canto tentava disfarçar que estava a sentir-se muito deslocado.
O pessoal todo ( todo não, como nos livros do Astérix, havia um resistente! ) estava muito divertido e quando cerca da uma e meia da manhã começou a debandada para a tal praia, já estavam todos semi-embriagados.
Como tudo na Tailândia é bastante bem organizado e a tal praia era a uns 5 ou 6 Km da nossa, já estavam à nossa espera à saida do resort umas minivans que rápidamente nos transportaram até lá.
A festa era mesmo na praia, e deve ter tido no seu auge umas 3.000 pessoas vindas de toda a ilha. Sempre ao som daquela musicata maravilhosa que eu ouço sempre todos os dias antes de adormecer para me ajudar a relaxar, o pessoal lá ia dançando aquela dança de S. Vito, eu refiro-me àqueles que ainda se aguentavam de pé, vi por lá alguns meninos e meninas tailandêses e estrangeiros a fazerem umas figuras parecidas com as que eu ás vezes fiz quando tinha a idade deles, quem estiver livre de pecado que amande a primeira calhauzada ( Novo Testamento, livro de Mateus, verso 47 ), para além disso havia alguns cujo estado semi-comatoso só lhes permitia dormir espojados no chão, impávidos e serenos ao som daquela música estridente, mas no estado em que eles e elas estavam não teriam nem ouvido uma peça de canhão a estourar-lhes perto dos ouvidos.
Para além do alcool de vez em quando chegavam-me ao nariz o cheiro de outras coisas fumáveis que eu garanto que não era cigarro, nem charuto, nem cachimbo, bolas, vocês já perceberam não foi?
Eu ia passeando pela praia, vendo um grupito aqui, um bêbado acolá, tudo sempre na maior paz diga-se em abono da verdade e quando chegaram as 5 da manhã disse cá para comigo: sim senhor, foi muito bonito este bocadinho mas agora já chega.
Pus-me andar em direcção à saída e fui logo interpelado por um taxista/condutor de motorizada ( essa profissão existe aqui em toda a Tailândia ) que me queria levar de volta para o hotel por 200 baths, eu mandei-o vender chuchas para a porta da maternidade que é ao que parece um óptimo negócio e disse-lhe que pagava 100 e era porque estava bem disposto, ele ao principio não estava pelos ajustes, mas como viu que eu estava determinado a esperar por mais gente para vir numa carrinha e que isso me iria custar mais barato, lá acabou por concordar.
Estranhamente dormi umas duas horas e não estou ensonado, se não tivesse a absoluta certeza de que não tinha ingerido nada durante toda a noite diria que tinha tomado qualquer substância excitante, talvez quebre daqui a pouco, ainda não são 17:00 sequer.
Dei uma vista de olhos apressada pelo que acabei de escrever e até saiu engraçadinho, acho que devia ir mais vezes a festarolas destas, faz-me bem ao humor.
Então e porque o mailzito está tão curtinho vou terminar, não os quero maçar muito.

Henrique

Histórias do reino do Siao - 27

E pronto, estou a queimar os ultimos cartuxos. Amanhã de manhã o táxi passa aqui à porta do resort, para me levar até ao cais. Depois vou até Chumphon de barco e por fim apanho o autocarro até Banguecoque. De lá vou-vos escrever um mail rapidito ( os meus mails são sempre curtos e rápidos ) e depois só lá para 25 vão tornar a receber notícias minhas para fazer já da Alemanha o costumeiro balanço final.
Hoje de manhã fui correr, mas por preguiça em vez de o fazer de manhãzinha cedo, só o fiz a partir das 10:30, já o sol dardejava violentamente ( que mania este homem tem de armar ao instruído e usar estas figuras de estilo, porque será que ele não diz simplesmente que o sol estava forte? ) e para além disso as descidas e consequentes subidas, aliadas à enorme humidade atmosférica obrigaram-me a desistir ao fim de 20 minutos em vez da horita do costume. Acreditem-me que uma subidinha de poucos graus com esta temperatura é algo de absolutamente mortal. Engraçado é observar a cara dos tailandêses que comigo se cruzam na rua ao ver este "crazy farang" , este maluco estrangeiro a correr pela estrada fora quando toda a gente em seu perfeito juízo, evita andar, anda devagar e busca refúgio sempre que possível numa loja com ar condicionado ou dentro de água.
Tirando isso tenho passado o dia ocupadíssimo a saltar da praia para a piscina e vice-versa, com pequenos intervalos para fazer tarefas importantes e inadiáveis, como comprar umas bolachas para o pequeno-almoço de amanha, comprar um bálsamo que me tinham encomendado da Alemanha numa farmácia local etc.
Queria ainda falar noutra coisa. Foi a primeira vez que viajei para o estrangeiro sem dinheiro. Nesta altura vocês estão a pensar: OK, tu compraste travellers cheques na Alemanha e aí trocáste-os! Não, não fiz isso! Ah, já sei pensam vocês agora, levaste o teu cartão de crédito e depois vais ao banco e levantas lá o dinheiro. De facto trouxe até 2 cartões de crédito mas não utilizei nenhum.
O que se passa é que eu trouxe também o meu cartão de débito e é esse que tenho estado a utilizar. Em qualquer lugarejo há uma caixa ATM ( o correspondente ao Multibanco em Portugal ) , aqui em Haad Rin que é um lugarejo com umas 2.000 ou 3.000 almas deve haver umas 50 caixas dessas, ás vezes chegam a ser 3 e 4 juntas e basta-me utilizar o mesmo número que utilizo na Alemanha para a maquineta comecar a cuspir notinhas de baths tailandêses.
Para além disso tenho ocupado o meu tempo cultivando-me e lido um bocadinho. Como já sabia que isso ia acontecer, não trouxe nenhum livro da Alemanha, em todos os resorts há sempre montes de livros deixados por outros viajantes, uma pessoa pega, lê e depois deixa noutro sítio para outro viajante. E foi isso que eu fiz, primeiro li um livro em alemão escrito por um irlandês e agora estou a ler um livro escrito por um alemão em inglês sobre os ultimos dias de Berlim no final da Segunda Guerra Mundial.
E tenho ouvido música, tinha comprado na Alemanha há uns tempos atrás um MP3 de 2 Giga, no ebay ( correspondente ao Mercado Livre aqui na Europa ) por 50 euritos, coisa simplezinha e sem fosquices, mas que se tem revelado extraordináriamente útil.
Tinha mais umas coisitas para dizer, mas vou deixá-las para o balanço final.
Amanhã há mais, entretanto, aproveitem para fazerem todas as vossas perguntas ou dúvidas, porque isto está-se a acabar.

Henrique